Tuesday, December 18, 2012

Auto- Preconceito

Como alguem ligado ao ImproRiso, conheco relativamente bem o meio teatral/artistico. Primeiro com EventosMz e depois com ImproRiso, venho estando perto do meio artistico desde 2007 e uma das coisas que mais me custa aceitar e' o auto-preconceito que alguns actores alimentam. Ja vi e continuo a ver pessoas a recusarem trabalhos e oportunidades que gostariam de abracar dizendo "nao posso por causa do meu emprego". O que tem uma coisa a ver com outra?! Sera que ser humorista ou comediante ou actor diminui as capacidades de alguem trabalhar como auditor, ou professor ou motorista? Nao vejo como, sinceramente... ha profissoes em que percebo e concebo a tal "incompatibilidade". Por exemplo: se alguem e' seguranca do presidente ou elemento dos servicos secretos, nao convem expor-se num palco, e' certo. Vi uma entrevista do Michael Jordan outro dia em que dizia que um dos seus ultimos vicios era andar de motas, pois era uma paixao da qual nao podia disfrutar enquanto atleta por questoes contratuais mesmo. Todos os desportos radicais estavam proibidos por contrato. Agora se uma pessoa ja faz stand up comedy, por exemplo, e comeca um novo emprego, em que sabem que se trata de um comediante, qual o problema em exercer como comediante? Se a pessoa esta num emprego e aparece uma oportunidade boa para ser comediante, por que nao pode aceitar ao ter um outro emprego, nao havendo incompatibilidades de horario? Eu entendo o receio de "nao vou ser bem visto" ou "nao vou parecer credivel no trabalho", mas sera que isso e' mesmo verdade?! Nao! O Mario Mabjaia e' um dos maiores humoristas do pais e tem um emprego fixo e "serio" na CETA. O Sergio Mabombo e' um bom jornalista e continua a ser um bom actor/comediante. O Gilberto Mendes e' outra referencia de alguem que consegue compatibilizar a parte artistica com a parte nao artistica sem se diminuir em nenhuma delas. Para mim, este e', de facto, um auto-preconceito. Um pensamento em que o proprio comediante/actor/humorista sente algum desconforto ao fazer ambas as coisas e sente que nao sera levado a serio, credivel e respeitado se a sua faceta artistica for visivel. Nao conheco casos de patroes que neguem esse direito aos seus funcionarios. Pode haver casos, mas nao os conheco. Mas, se os ha, nao ha que os combater? Mas primeiro que se assumam orgulhosamente. Que se diga "eu sou capaz de ser comediante no palco e arquitecto no escritorio". E que se seja bom em ambas as coisas... acreditem que nao serao mal olhados... pelo contrario... serao mais admirados. Experimentem e verao... Carlos Osvaldo