Monday, December 26, 2011

Pai Natal VS Jesus Cristo



A cada ano, no dia 25 de Dezembro vem-se assistindo a um golpe de estado nada dissimulado. O Pai Natal vai ocupando o lugar de Jesus Cristo como dono da data. A cada geração que vai passando o dia de Natal é mais associado à figura do Pai Natal que à figura de Jesus Cristo. Tanto que até se começam a verificar fenómenos em que o dia já é celebrado por pessoas não cristãs, com distribuição de presentes (culto ao Pai Natal).
Concordo com o Papa quando critica as celebrações excessivamente consumistas desta data, nos dias que correm. Creio ser altura de religião recuperar e resgatar o verdadeiro significado religioso que este dia tem e deve ter, com alusão ao nascimento do menino Jesus, a presença dos Reis Magos (caindo também em desuso. Perguntem os nomes dos Reis Magos às crianças e verão quantas os sabem… o próprio presépio, cada vez menos utilizado).
Como agnóstico reclamo maior respeito à religiosidade da data. Judas foi condenado a cumprir uma pena eterna por um crime singular. Cometido num deslize. Num erro. Num dia. O Pai Natal comete-o pouco a pouco a cada ano que passa e vê como a sua popularidade cresce. Uma das melhores formas de combater a crise, sem dúvida. Fizeram do dia de Natal o dia de aniversário de todos nós. Menos do menino Jesus…

Tuesday, December 13, 2011

Sublime

Palavras para que...?

Saturday, November 19, 2011

Crise



A palavra crise é perigosamente contagiosa. Basta pronunciá-la para que se instale. É uma questão de crença; ou melhor, de descrença. A primeira vítima da crise é sempre a esperança. Quando falamos em crise temos sempre como pano de fundo falta de esperança.
Assisto ao desfile de propostas e discursos da União Europeia sobre a crise e os caminhos para sair dela. Parece uma situação labiríntica, desequilíbrio nas contas traz austeridade e esta traz mais recessão e daí não saímos e, na verdade, parece-me que o problema reside no foco em que se centra a atenção. Falar de combater a crise é viver preso nela, com os olhos turvos pela sua nuvem.
A meu ver, a crise será combatida quando nos afastarmos dela. Quando o nosso olhar e as nossas atenções se centrarem no crescimento e no desenvolvimento. No recuperar da esperança, por fim.
A solução para a crise não poderá passar, acredito eu, por retirar poder de compra aos consumidores. Uma economia não pode crescer se não tivermos condições criadas para se consumir. Os consumidores serão sempre o agente de recuperação e, para isso, os cortes são contraproducentes. Apertam o rigor mas não estimulam o circuito financeiro. E não esqueçamos que o dinheiro é, sempre, o sangue da economia, seja através de consumo, poupança ou investimento. Se as pessoas não têm dinheiro não podem consumir, e se elas não consomem as empresas não vendem e se estas não vendem não podem dar emprego e sem emprego as pessoas não têm dinheiro e sem dinheiro não podem consumir e…. crise!
Para vencer a crise devemos focar-nos em crescer. Em resgatar a esperança. Saber, e admitir, que estamos num buraco e que, após as devidas lições aprendidas, a solução terá de passar por olhar para cima e não para baixo. Olhar para a luz a não para a sombra.

Carlos Osvaldo

Saturday, November 12, 2011

Homens/ Mulheres



Li, ha alguns dias no blog www.vestigiosteus.blogspot.com uma curiosa pergunta acerca de como as mulheres podem saber se um homem esta com elas para valer. Vao aqui umas pequenas dicas para saberem quando NAO esta a levar a relacao a serio:

- passado algum tempo juntos nao conheces amigos/ familia;
- quando te apresenta a amigos/ familia diz o teu nome sem nenhum titulo (MINHA namorada/ dama/ baby/ mulher...);
- insiste em programas caseiros a dois.

E para compensar os homens da pequena traicao, vai aqui uma brincadeirinha sobre as mulheres: a noite ideal para uma mulher seria ir as compras com um monhe, ter um branco a preparar-lhe o jantar, sair para dancar com um mulato, fazer sexo com um negro e adormecer com as massagens dum asiatico.

Carlos Osvaldo

Thursday, October 13, 2011

Joker




"If you are good at something, never do it for free..."

Sunday, August 21, 2011

Últimos dias...



Falar sobre perder alguém querido é por demais doloroso. Felizmente tenho podido evitar esta sensação. Mas algum dia teria que chegar. É um dos custos da juventude; ver os outros partirem antes de nós.
Perceber que um ente querido se aproxima dos últimos dias assusta. Invade-nos um medo cobarde. Uma dúvida egoísta entre aproveitar cada segundo para viver momentos que em breve deixaram de existir ou fugir de assistir ao definhamento progressivo da pessoa. Às vezes apetece-nos ficar fechados e não deixar que o presente atrapalhe as imagens que temos da pessoa saudável e intacta.
E quanto mais gostamos da pessoa mais temos que nos exigir a coragem de a acompanhar até ao fim da estrada. De mãos dadas ou servirmos até como bengala, se assim for preciso. Porque amar é isso mesmo. Não apenas sentir mas saber como e quando mostrar. E quanto mais difícil mais temos que estar presentes. E agradecer.
Agradecer por temos a oportunidade de poder partilhar a vida com quem amamos. Por podermos ver essa pessoa amada envelhecer tão bem, e recordar que conversámos, rimos, dançámos e partilhámos tanta coisa juntos. Que eu, como jovem, cresci a cada dia que falei com ele e ele rejuvenesceu a cada minuto que falou comigo. Que tive a oportunidade de ser criança a seu lado, quando quis. E de ser adulto quando foi preciso. Agradecer o ter tido a oportunidade de lhe fazer sentir-se orgulhoso de mim. De saber que cresci bem e que ele gosta de mim e do homem em que me tornei.
Amor é isso. Estar presente mesmo quando não queremos estar porque o outro precisa. E cuidar quando o outro nem sabe necessitar. Preparado para o pior mas fazendo o melhor de cada dia que sobra. E recordar…e mais que isso, viver o que ainda falta ser vivido. Cada dia como se fosse o último. Porque pode ser. E guardar a voz, o olhar e tudo o que se aprendeu como parte de quem somos. Saber que sem família não existiríamos e sem amigos não viveríamos.
As pessoas eternas são aquelas que incorporamos em nós. Orgulho. Tanto orgulho me invade que até choro numa dor adiantada ao tempo, mas mais motivada por saudades que por perda. Essa ainda não chegou. Tenho medo, mas não será maior que a coragem. Farei o meu papel.
Afinal, mais do que neto, sou teu padrinho… o pai que te ficou.

Carlos Osvaldo

Wednesday, July 13, 2011

O sexo actual

O que temos visto por aí???
Baladas recheadas de garotas lindas, com roupas cada vez mais micros e transparentes.

Com suas danças e poses em closes ginecológicos, cada vez mais siliconadas, corpos esculpidos por cirurgias plásticas, como se fossem ao supermercado e pedissem o corte como se quer... mas???

Chegam sozinhas e saem sozinhas...
Empresários, advogados, engenheiros, analistas, e outros mais que estudaram, estudaram, trabalharam, alcançaram sucesso profissional e, ...sozinhos...
Tem mulher contratando homem para dançar com elas em bailes, os novíssimos "personal dancer", incrível.

E não é só sexo não!

Se fosse, era resolvido fácil, alguém duvida?
Sexo se encontra nos classificados, nas esquinas, em qualquer lugar, mas apenas sexo!
Estamos é com carência de passear de mãos dadas, dar e receber carinho, sem necessariamente, ter que depois mostrar performances dignas de um atleta olímpico na cama... sexo de academia...

Fazer um jantar pra quem você gosta e depois saber que vão "apenas" dormir abraçadinhos, sem se preocuparem com as posições cabalísticas...
Sabe essas coisas simples, que perdemos nessa marcha de uma evolução cega.
Pode fazer tudo, desde que não interrompa a carreira, a produção.....
Tornamo-nos máquinas, e agora estamos desesperados por não saber como voltar a "sentir", só isso, algo tão simples que a cada dia fica tão distante de nós...
Quem duvida do que estou dizendo, dá uma olhada nos sites de relacionamentos "ORKUT", "PAR-PERFEITO" e tantos outros, veja o número de comunidades como: "Quero um amor pra vida toda!", "Eu sou pra casar!"
até a desesperançada "Nasci pra viver sozinho!"
Unindo milhares, ou melhor, milhões de solitários, em meio a uma multidão de rostos cada vez mais estranhos, plásticos, quase etéreos e inacessíveis, se olharmos as fotos de antigamente, pode ter certeza de que não são as mesmas pessoas, mulheres lindas se plastificando, mutilando-se em nome da tal "beleza"...

Vivemos cada vez mais tempo, retardamos o envelhecimento, e percebemos a cada dia mulheres e homens com cara de bonecas, sem rugas, sorriso
preso e cada vez mais sozinhos...
Sei que estou parecendo o solteirão infeliz, mas pelo contrário...
Pra chegar a escrever essas bobagens?? (mais que verdadeiras) é preciso ter a coragem de encarar os fantasmas de frente e aceitar essa verdade de cara limpa...
Todo mundo quer ter alguém ao seu lado, mas hoje em dia isso é julgado como feio, démodê, brega, famílias preconceituosas...

Alô, gente!!! Felicidade, amor, todas essas emoções fazem-nos parecer ridículos, abobalhados...

Mas e daí? Seja ridículo, mas seja feliz e não seja frustrado... "Pague mico", saia gritando e falando o que sente, demonstre amor...
Você vai descobrir mais cedo ou mais tarde que o tempo pra ser feliz é curto, e cada instante que vai embora não volta mais...

Perceba aquela pessoa que passou hoje por você na rua, talvez nunca mais volte a vê-la, ou talvez a pessoa que nada tem a ver com o que imaginou mas que pode ser a mulher da sua vida... E, quem sabe ali estivesse a oportunidade de um sorriso a dois...
Quem disse que ser adulto é ser ranzinza ?

Um ditado tibetano diz: "Se um problema é grande demais, não pense nele... e, se ele é pequeno demais, pra quê pensar nele?"
Dá pra ser um homem de negócios e tomar iogurte com o dedo, assistir desenho animado, rir de bobagens e ou ser um profissional de sucesso, que adora rir de si mesmo por ser estabanado...
O que realmente não dá é para continuarmos achando que viver é out... ou in...
Que o vento não pode desmanchar o nosso cabelo, que temos que querer a nossa mulher 24 horas, maquiada, e que ela tenha que ter o corpo das frutas tão em moda, na TV, e também na playboy e nos banheiros, eu duvido que nós homens queiramos uma mulher assim para viver ao nosso
lado, para ser a mãe dos nossos filhos, gostamos sim de olhar, e imaginar a gostosa, mas é só isso, as mulheres inteligentes entendem e compreendem isso.

Queira do seu lado a mulher inteligente: "Vamos ter bons e maus momentos e uma hora ou outra, um dos dois, ou quem sabe os dois, vão querer pular fora, mas se eu não pedir que fique comigo, tenho certeza de que vou me
arrepender pelo resto da vida"...

Porque ter medo de dizer isso, porque ter medo de dizer: "amo você", "fica comigo", então não se importe com a opinião dos outros, seja feliz!

Antes ser idiota para as pessoas que infeliz para si mesmo!
Para ler, divulgar e . . . Praticar !

"Não ame pela beleza, pois um dia ela acaba. Não ame por admiração, pois um dia você se decepciona, Não ame por dinheiro, pq um dia ele tb acaba...Ame apenas,pois o tempo nunca pode acabar com um amor sem explicação" (Madre Tereza)

Arnaldo Jabor

EU TE AMO NÃO DIZ TUDO por Arnaldo Jabor

O cara diz que te ama, então tá! Ele te ama. Assunto encerrado. Você sabe que é amado porque lhe disseram isso, as três palavrinhas mágicas. Mas saber-se amado é uma coisa, sentir-se amado é outra, uma diferença de quilômetros. A demonstração de amor requer mais do que beijos, sexo e palavras. Sentir-se amado é sentir que a pessoa tem interesse real na sua vida, que zela pela sua felicidade, que se preocupa quando as coisas não estão dando certo, que coloca-se a postos para ouvir suas dúvidas e que dá uma sacudida em você quando for preciso. Ser amado é ver que ele(a) lembra de coisas que você contou dois anos atrás, e vê-lo(a) tentar reconciliar você com seu pai, é ver como ele(a) fica triste quando você está triste, e como sorri com delicadeza quando diz que você está fazendo uma tempestade em copo d'água. Sentem-se amados aqueles que perdoam um ao outro e que não transformam a mágoa em munição na hora da discussão. Sente-se amado aquele que se sente aceito, que se sente inteiro. Sente-se amado aquele que tem sua solidão respeitada, aquele que sabe que tudo pode ser dito e compreendido. Sente-se amado quem se sente seguro para ser exatamente como é, sem inventar um personagem para a relação, pois personagem nenhum se sustenta muito tempo. Sente-se amado quem não ofega, mas suspira; quem não levanta a voz, mas fala; quem não concorda, mas escuta. Agora, sente-se e escute: Eu te amo não diz tudo.

Heterodoxia

Penso, na solidão das minhas noites mentais, com bastante frequência, na forma como és, e como te estás a tornar..
Por vezes apetece-me fazer uma recolha dos teus defeitos para te perguntar por que tens tanta dificuldade em ser como todos aparentam ser? Por que alimentas as tuas diferenças e fragilidades de uma forma tão voraz, caminhando cada vez mais para um afastamento do padrão de normalidade que nos é impingido pelas sociedades em que estamos inseridos?
Aprendi, e já sei (!) que a normalidade nada mais é do que um padrão definido segundo um critério de maioria. Por conforto, tudo o que difere do que mais abunda é catalogado como diferente. Cultivamos o culto da igualdade e da semelhança, e reprimimos para o nosso íntimo, ou privado, a vivência plena das nossas individualidades de carácter e personalidade.
Vejo-te a sofrer, por vezes, por padeceres do germe da originalidade, que te impele a dar vida a quem és, no teu íntimo. Nunca foste ensinado, ou moldado, para ser como toda a gente..todo tu és um espelho da diferença, e nada mais reflectes do que tu próprio. Mas, por que sofres tu com isso, meu bom amigo? Sabes tão bem como eu como evitar esse sofrimento..mas não o fazes pois o teu instinto (biológico, quiçá) te seduz com mais força do que uma plena aceitação e coabitação social.
Certos momentos, apetece-me temperar a tua essência com um pouco de senso-comum, para que soubesses passar mais incógnito por entre o mar de gente que te rodeia e te olha com estranheza, bem sei.
Mas, sabes, por que o fazem? Por medo do que não conhecem..por desconforto face a um marginal (no sentido original da palavra, de “o que está nas margens”) que tu és...por vergonha por não serem todos capazes de se assumir, da forma como tu fazes.
Muitos chamar-te-ão, certamente, louco. Assume a tua loucura como um traço da tua personalidade. Fá-lo sem medo ou vergonha, mas antes com, orgulho e convicção, o que só irá provocar mais a incompreensão dos que te condenam.
Não quero que sejas um Trouble-Maker, mas antes um Change-Maker social.
Sabes onde se encontra a fronteira entre o génio e o louco? É no sucesso, apenas. E todos os loucos e génios são produtos marginais de uma sociedade que, ao mesmo tempo que os repudia, também os encoraja a existir, com a sua conduta, tão cega e ortodoxa.
Aprendemos juntos, creio que te recordas, uma palavra. Eduardo Lourenço apresentou-nos, através da sua vida e obra o conceito: Heterodoxia.
Para mim, a assimilação deste novo conceito que havia descoberto, foi muito facilitado por ter o prazer e o privilégio de me ter cruzado no teu caminho pelos trilhos da vida.
(“A Vida é a busca do Impossível através do inútil”- Bernardo Soares, in O Livro do Desassossego).
Tornaste-te, para mim, uma imagem viva da ideia inerente e presente na palavra. Quando me debruço sobre o que é, ou pode ser, a liberdade de pensamento (única liberdade que, de facto, está ao alcance de todos), é, não só, mas muito, em ti que me inspiro, como exemplo vivo e real do que poderias ser, se te deixasses levar por ti..se te maximizasses e explorasses ao máximo serias imenso. Hoje és, para mim, uma promessa de uma causa. Um visionário. Um profeta da Felicidade. Tens em ti o instinto de Liberdade já presente. Se o vivesses, alcançarias a Paz. Conjugando ambas num só momento (que todos queremos eterno), terias, pois, enfim, a Felicidade. Está ao teu alcance, mais do que ao alcance da maior parte de nós. A nós falta-nos a tua ousadia para nos libertarmos das correntes que nos prendem, não o corpo, mas a mente.
Instrui-te. Nunca penses saber tudo, ou sequer muito, ou até pouco. Reconhece sempre que desconheces tudo. Tudo o que alguma vez te será dado a conhecer nesta vida, com muito esforço e dedicação, é a Ti próprio. Recordo uma frase que já ambos partilhámos: “Ser culto é a única forma de ser Livre.”
Descobre o mundo..descobre tudo à tua volta. Mas recorda-te, recorda-te sempre, que o objectivo final de toda a Vida é conheceres-Te. Aí conhecerás a Vida em si e é aí..e só aí que reside a utópica e prometida Felicidade. Procuramo-la em mundos e pessoas distantes. Quando, na verdade, reside apenas na nossa mente. Tudo não passa de uma Auto-Psicografia. De um olhar invertido que aprenda a Ver para dentro. De aprender a pensar.
....De Heterodoxia...

De Carlos Osvaldo
Para: Alexandre Gil
-Maputo-10/08/2005-

O Nascimento

Só se “nasce” fisicamente, corporeamente, tomando a forma, demarcando limites. Será que um ser corpóreo consegue imaginar o incorpóreo, sendo a corporeidade factor essencial à sua realidade e presença? Não. Estamos inevitavelmente presos à nossa realidade, tudo o que é imaginado, é imaginado segundo conceitos a ela pertencentes e qualquer extrapolação acontece dentro dos limites máximos da conjugação das noções inerentes a ela.

Com o “nascimento” nasce consequentemente a noção de tempo. No nosso dia-a-dia podemos observar que tudo se rege por ciclos, a natureza, a própria Terra e o Universo descrevem ciclos repetidos, um movimento circular. Também qualquer acção e reacção se pode aplicar a milhares de situações e contextos. Reparamos então que tudo se define pelas mesmas regras, tudo se guia e está ligado a uma forma fundamental: o círculo.

Imaginando a vida há milhares de anos atrás e comparando-a com a actual podemos supôr que, jogando com a forma do círculo, o que existia anteriormente (círculo este que contém a totalidade da vida confundindo-se com ela mesma) era muito menor que o actual. O círculo foi aumentando à medida que os conceitos da nossa realidade se multiplicaram nas suas interacções, e assim irá continuar.

O infinito encontra-se então apenas no crescimento desse círculo não havendo dessa forma o infinito como factor que ultrapasse a nossa condição. Apenas o finito, irredutivelmente. Tal como a eternidade é a imobilidade: como um rio que se apresenta sempre igual na sua diferença, um círculo parece parado mas está em constante movimento.

E essa delimitação significará uma total ausência de liberdade? Pelo contrário, atingimos o máximo de plenitude dentro do círculo, a acepção máxima da vida. Estamos libertos, tudo se intercomunica por vários caminhos, os caminhos são infinitos dentro do nosso círculo. Acredito no caminho e não no destino.

E o divino? Dada a impossibilidade de fugirmos à nossa condição, e sendo Deus admitido normalmente como algo superior à nossa percepção, a sua ideia será então sinónimo à noção de vazio. A existência é por si, total. O nada é a única coisa que não existe. Deus é um conceito imaginado a partir do nosso círculo, perdendo à priori qualquer possibilidade de existência superior, a ideia esvazia-se a si própria.

A discussão de Deus leva-nos directamente ao nascimento e criação do mundo. O nascimento implica sempre de certa forma uma paternidade e uma maternidade. Mas o que criou a primeira entidade paternal/maternal? Nada nem ninguém. A matéria sempre existiu. Extrapolando a partir da nossa realidade em total continuidade e transição repetida, essa é a única hipótese verdadeira: sempre existimos. Mas a percepção da nossa vida é um círculo deitado, que não passa de uma linha, daí conseguirmos observar erroneamente um princípio e um fim. Nada acaba, nada começa, tudo continua.

Somos eternos e infinitos. Nunca nascemos nem morremos: Somos.

Alexandre Gil, Fevereiro de 2006.

Um Adeus Português (Alexandre O'Neil)

(...)
Não podias ficar nesta cadeira
onde passo o dia burocrático
o dia-a-dia da miséria
que sobe aos olhos vem às mãos
aos sorrisos
ao amor mal soletrado
à estupidez ao desespero sem boca
ao medo perfilado
à alegria sonâmbula à vírgula maníaca
do modo funcionário de viver

Não podias ficar nesta casa comigo
em trânsito mortal até ao dia sórdido
canino
policial
até ao dia que não vem da promessa
puríssima da madrugada
mas da miséria de uma noite gerada
por um dia igual

Não podias ficar presa comigo
à pequena dor que cada um de nós
traz docemente pela mão
a esta pequena dor à portuguesa
tão mansa quase vegetal

Não tu não mereces esta cidade não mereces
esta roda de náusea em que giramos
até à idiotia
esta pequena morte
e o seu minucioso e porco ritual
esta nossa razão absurda de ser

Não tu és da cidade aventureira
da cidade onde o amor encontra as suas ruas
e o cemitério ardente
da sua morte
tu és da cidade onde vives por um fio
de puro acaso
onde morres ou vives não de asfixia
mas às mãos de uma aventura de um comércio puro
sem a moeda falsa do bem e do mal

Nesta curva tão terna e lancinante
que vai ser que já é o teu desaparecimento
digo-te adeus
e como um adolescente
tropeço de ternura
por ti.

Amorismo- 5 F. A. Q.



Em que te inspiras para escrever?
- Não se deve escrever quando se está inspirado. Deve escrever-se, na minha opinião, quando se tem vontade e algo a dizer. A inspiração deve ser um “extra”; se aparece óptimo, mas a escrita não pode estar refém da sua presença para existir.

De que trata o livro?
- Acho que não deve haver pergunta mais difícil para um criador. A resposta é a obra. O livro tem uma vida própria e deve ser diferente para cada leitor. O que o livro trata para mim é diferente do que trata para quem o for ler, pois a minha vida, a minha forma de ver, pensar e sentir as coisas é diferente. se eu precisasse de falar sobre o que escrevi não faria sentido estar publicado. Publicação é um gesto de oferta à sociedade que um autor faz da sua produção. A partir daí ela deixa de ser sua e passa a ser de quem a ler. E deve falar, sempre, per si. A arte deve funcionar sempre como um espelho multifacetado que será bem sucedida se atingir o propósito de toda a arte: dar prazer aos sentidos.

Está a vender-se bem?
- Não sei. Não preciso de saber, sinceramente. As vendas do livro não diminuirão ou aumentarão o seu significado para mim. Para um pai não importa se o seu filho tem muitos ou poucos amigos. Importa que seja fiel a si mesmo e cumpra o seu propósito na vida. O que se procura nos amigos não é que sejam muitos ou poucos… o que importa é que sejam leais e cúmplices.

O que significa o título?
- Amorismo é uma religião. A religião que Bernardo Souto inventou. A religião do Amor. Do Amor no sentido universal; por si, pela vida, pelos amigos, pelas mulheres, pela família, pela sabedoria, pela cultura… Amorismo é a forma de crença em que Bernardo Souto se encontra e cria. Uma religião é sempre a casa em que abrigamos um deus. É o templo em que ele repousa. Quem, como B. Souto acredita no Amor como seu deus criou Amorismo para dar forma a essa vivença espiritual. E (re)criou-se em função da mesma.

Como te sentes ao ter um livro publicado?
- Eu sou o mesmo e sinto-me igual. Um livro é como um filho. Muda-te por dentro, no sentido em que quando olhas para ele só tu sabes o que ele significa para ti. Mas não mudas por fora. És o mesmo para quem te vê. E assim deve ser. As verdadeiras mudanças (as que definem os grandes momentos das nossas vidas), mais que vistas, devem ser sentidas.

Carlos Osvaldo

Saturday, July 9, 2011

Ideias soltas

Temos de ter uma explicação para tudo nesta vida. Qualquer que seja. Pouco importa. E quanto mais difícil for de explicar melhor. Assim fica mais fácil de se acreditar nela.

Carlos Osvaldo

Aforismos

"War is young men dying and old men talking."

"Remember, shadows stays in front or behind. Never on top." - M (James Bond)

"If you are good at something never do it for free." - Joker (Batman)

"O grande segredo das grandes mulheres é saberem viver intensamente cada uma das suas idades."

“As vezes em que estamos perdidos, não sabendo o que fazer, o único erro é não fazer nada.”

"A melhor homenagem à beleza é o silêncio." - Menotti

"All that is necessary fo evil to prevail is for good men to do nothing." - E. Burke

"Não preciso de conselhos. Sei errar sozinho." - Oscar Wilde

"O último degrau da sabedoria é a simplicidade." - Confúcio

"A esperança é um bom almoço mas um mau jantar." - Francis Bacon

Wednesday, June 29, 2011

Ócio VS Economia?


Ultimamente tenho notado que está na moda associar as férias a um dos factores que conduziram ou contribuíram para a crise económica global que vivemos.
Detesto empregar vocabulário do politiquês mas, isto sim, é demagogia e populismo. Desde quando isto é verdade?
Vejamos…


Oiço nas notícias que o novo governo português quer reduzir o número de feriados e de pontes para aumentar a produtividade dos trabalhadores portugueses. Ora, logo em Portugal? Um dos países em que este argumento menos sentido tem? Francamente… é literalmente morder a mão que os alimenta.
O ócio é o espaço reservado ao repouso e ao lazer. É o período em que as pessoas se dedicam a fazer o que lhes dá prazer e vontade. E o que é, geralmente, isso? Passear, viajar, ir ao teatro, compras, cinema, restaurantes, ler. Hum… mas, isso não move dinheiro? Ah, afinal sim! O turismo não é alimentado pelo ócio, afinal? Ah, sim!
Ponham as pessoas a trabalhar 20 horas por dia, sete dias por semana e verão a brilhante produtividade que irão obter ao fim de um ano. Ponham outra a trabalhar 6 horas por dia, durante cinco dias por semana e verão a produtividade dessa ao fim de um ano. Sabem que mais? A segunda terá uma produção menor, mas uma produtividade maior. Porque terá uma melhor relação “tempo dispendido vs objectivos alcançados”. Para a economia recuperar não é preciso trabalhar mais, mas sim fazê-lo melhor. E descansar é preciso e ainda por cima gera valor para alimentar a cadeia económica. Cria emprego, cria circulação de dinheiro e faz com que as pessoas tenham vontade de gastar.

O turismo é sempre apontado como uma das economias sobre as quais o futuro deverá girar. Mas é, ao mesmo tempo, fácil dizer que é dispensável porque parece cool e dá uma máscara de trabalhador a quem diz que cria improdutividade. Senhores, matem o turismo e matarão um dos eixos sobre os quais deveriam assentar o vosso futuro, garanto-vos!
Quando as pessoas querem uma ponte para ter um fim-de-semana longo querem viajar com as suas famílias. E o que fazem pela economia nesses períodos?
- Gastam dinheiro na viagem (quer seja em combustível, em passagens aéreas ou em aluguer de viaturas);
- Arrendam apartamentos ou quartos de hotel;
- como querem descansar e não cozinhar vão almoçar e jantar fora;
- compram recordações para a família;
- vão a bares e discotecas.
Tudo isto envolve dinheiro, não? Será que não alimenta a economia? Ah, pois é!

Se uma coisa a sociedade grega nos mostrou foi a utilidade e necessidade do ócio para o bem-estar dos cidadãos. O ócio faz bem às pessoas e à economia. Pessoas felizes e descansadas são melhores e maiores consumidores (quantidade e qualidade).
Produção maior não significa produtividade maior. Qualquer gestor tem obrigação de saber diferenciar estes conceitos. Quantidade não deve ser confundida com qualidade.

Não se deve matar a galinha que mais ovos nos dá…

Nesta “Guerra Santa” em nome da economia só me apraz terminar este artigo com uma citação de Milhôr Fernandes que dizia que:

“Numa Guerra Santa, Deus morre primeiro.”

Carlos Osvaldo

Monday, June 27, 2011

A verdade que tem que ser verdade.



Façamos um exercício de imaginação. Estamos na América do tempo dos cowboys e somos o xerife de uma das cidades mais importantes do país.
Um belo dia a nossa cidade é atacada. Saqueada, as mulheres violadas e os monumentos mais sagrados destruídos. O nosso inimigo consegue fugir. Todos sabemos quem é, mas ninguém sabe para onde foi.
Como xerifes somos, naturalmente, designados pelo mayor para abandonar tudo o que nos ocupava até essa altura. A missão, de agora em diante passa por capturar o inimigo, vivo ou morto.
E assim partimos... mochila às costas e montados no nosso cavalo.
Passam-se dias, semanas, meses, anos (1, 2, 3...). Sabemos que não podemos regressar à nossa cidade sem a missão cumprida. Esta é uma daquelas situações em que o tempo não adormece a memória das ferida abertas que ainda sangram.
Um belo dia descobrimos o inimigo. Morto. não sabemos se foi envenenado ou morreu de doença, ou ainda de causa natural. Mas está morto. Estamos perante o seu corpo.

Voltando para casa vamos de imediato reunir-nos com o mayor.
- Então, xerife, o nosso inimigo?
- Morto.
- Ah, bem sabia que não nos irias desiludir. Parabéns!
- Eu não o matei. Apanhei-o já morto.
- Sabes quem o matou? Ou como morreu?
- Não faço ideia. Mas está morto, disso tenho a certeza. Eu mesmo enterrei o seu corpo.
- Hum, pelo menos a ameaça acabaou. Podemos dar paz aos nossos cidadãos.
- É verdade. Acabou.
- Mas há um pormenor que faz toda a diferença; não foste tu que o mataste. Não fomos nós que eliminámos o inimigo. Isso faz toda a diferença para o nosso povo, em matéria de consolo e tranquilidade. Saber que foi um terceiro ou alguma doença ou a velhice que o mataram faz com que ele tenha morrido sem ser derrotado por nós. Não podemos deixá-lo morrer vencedor.
- O que sugere mayor?
- Vamos dizer que tu o mataste. Só assim o nosso povo terá confiança, paz e recuperará o orgulho perdido. Só assim saberão que quando nos propomos a algo cumprimos.
- Quer vender uma ilusão?
- Quero dar ao meu povo o que ele precisa.
- Mesmo que não seja a verdade?
- A verdade é aquilo em que a maioria acredita.

Somos apresentados como heróis. Homenageados e venerados. O segredo é engolido entre nós e o mayor. A verdade tem que ser verdade. O nosso povo precisa disso. Morremos por dentro. Vergonha, frustração. Sentimo-nos uma farsa. Mas é um fardo que temos que carregar para não quebrar ilusões que constroem uma nação.

Osama Bin Laden morreu. Facto. Se não fosse verdade não se correria este risco de poderem ser desmentidos. Mesmo que esteja em cativeiro em posse dos EUA é o mesmo que estar morto pois deixa de existir como símbolo.
Imaginem que Barack Obama tivesse anunciado que Osama Bin Laden fora encontrado morto. O trauma americano continuaria. Bin Laden morreria vencedor. Por isso deixa de ser relevante saber como aconteceu ou como morreu. A notícia deveria ser a sua morte. A verdade nem sempre deve ser usada no que diz respeito ao marketing e relações públicas. Obama não poderia anunciar ao seu país qualquer verdade. A notícia, para os americanos não era a sua morte, mas sim a vitória simbólica da América sobre o terrorista. Há momentos em que a obrigação fala mais alto que a vontade ou mesmo a realidade. Há coisas que devem ser feitas, mesmo que não sejam as mais belas ou simpáticas. Gerir um país obriga a pensar pelos olhos do povo. A sentir o que o povo sentirá com o que se vai anunciar.
Obama morreu. A notícia mais esperada pouco importa afinal. Os EUA mataram Bin Laden. “We got him!”. Essa foi a notícia percebida pelo povo Americano.
A História é feita destes episódios.
Obama morreu. Facto. Ponto final, parágrafo. Surdina? Rumores? Boatos? Suposições? Eu digo, distracções.

Carlos Osvaldo
Junho 2011

Tuesday, May 17, 2011

Como aprender a desamar



Costuma dizer-se que o amor é o principal motor das artes e dos grandes feitos dos homens, desde guerras a descobertas e conquistas.
Pois bem, tenho cá para mim que o desamor joga um papel tanto ou mais importante. Desamor é o deixar de amar. E, por mais doloroso ou penoso que possa ser, muitas das vezes, não deixa de ser importante e, como tal, decidi-me a escrever umas palavras dedicadas a este capítulo das nossas vidas. Sem mais demoras, como, então, aprender a desamar…

1- Toda a perda importante necessita de um luto.
Tenham sempre isto bem presente. A morte, seja ela em que forma for e de quem ou do que for, necessita de um período de luto. A tradição de as pessoas se vestirem de preto após falecimento de alguém importante pretende mostrar de forma simbólica a toda a gente que se está a passar por um período de dor e perda. É um daqueles actos simbólicos que faz mais sentido quando entendemos a razão da sua existência. Para os falecimentos não existe este gesto simbólico do luto, mas existe um luto interior e pessoal que, não sendo exteriorizável não deixa de ser presente. Assim, quando uma relação acaba e sentes dor, não deves estranhá-la ou repudiá-la. Deves aceitá-la e compreendê-la como natural. Sabe que, tal como ela veio, há-de passar. Se vai demorar mais ou menos dependerá de como te vais comportar.

2- “A dor é inevitável. O sofrimento é opcional.”
Vai doer. Desamar dói. Não há como não doer. Não negues a dor mas não te entregues a ela. A doer acaba sendo viciante quando te entregas a ela. Não faças rituais de sofrimento, como ouvir aquela música que te lembra da pessoa ou reviver fotos e vídeos de vocês os dois. Isso só fará com que entres numa espiral negativa.
Para combater a dor é preciso ter coragem. Coragem de reagir e de recuperar. Sem pressa mas sem pausa.
Dor é um momento. Sofrimento é uma fase. Dor não depende de ti. Sofrimento sim.

3- Não te isoles…
“Quando a melancolia da noite e sua solidão nos prendem, pensar nos nossos amigos enche-nos o peito de uma felicidade luminosa.”
Na vida, por vezes, nada melhor que substituir preocupações por ocupações.
Chama os teus amigos e as pessoas que gostam de ti e te fazem bem. Não queiras ficar sozinho, por muito que te pareça melhor ou mais fácil. Os teus amigos e família são os que te conhecem melhor e te vão servir de muleta para recuperar pouco a pouco da queda emocional da perda.


4- “Forgive but don’t forget.”
Perdoar. Esquecer. Duas palavras bem diferentes. Perdoa, mas não esqueças.
Perdoar passa por aceitar e assimilar o que se passou. Por um processo de digestão emocional e um virar de página que deve ser feito sem que a página seja rasgada. Esquecer alguém que amaste não é possível; pelo menos não logo após a sua perda. Pode até haver a ilusão, mas será tão falsa como dolorosa porque a presença da tal pessoa voltará quando menos esperares e estiveres preparado.
A forma correcta é tornares a lembrança da pessoa nisso mesmo. Numa lembrança. Passar para o passado. Aceitar que acabou e, na altura própria, deves virar a página e ver a pessoa como memória e não como ferida. Não esqueças nunca do que te acontece de importante. É daí que se cresce e se aprende.
Perdoa-te a ti. Perdoa-te ao outro. Como precisares. Como te fizer bem…

5- Não te dês prazos.
Tem presente que os sentimentos não se medem em tempo, mas em intensidade.
No que diz respeito a sentimentos não importam dias, minutos ou horas. Cada pessoa tem o seu ritmo e a sua forma de digerir.
Segue o teu ritmo. Caminhando sempre. Sem parar. Mas sem precisar correr. O que importa é que os passos sejam sólidos e no sentido certo.

6- O caminho faz-se caminhando…
“Quando se esta perdido e sem saber para onde ir, o pior erro é não fazer nada.”
Caminha. Não tenhas medo de dar passos. Recupera. Luta. Reage. Não te entregues à depressão. Não montes grandes projectos de recuperação. Dá um passo de cada vez. Mas dá o tal passo!
Mesmo que depois vejas que foi um passo errado acredita. Pior seria não ter dado nenhum passo.

7- Não procures sósias
Não procures sósias. Não existem substitutos para a pessoa que perdeste. Não procures vinganças. Não te envolvas com alguém para provocar ciúme ou arrependimento na pessoa que perdeste. Só te sentirás mal por magoares uma pessoa nova e te magoares a ti próprio.
Cada pessoa é uma única. Não existe uma fórmula de substituição ou troca directa.

8- Na teoria é fácil…?
“Não há nada mais prático do que uma boa teoria.”
Quando desamamos tendemos a perder a noção da razão e do sentido das coisas. Mesmo daquelas que já sabemos ou sabíamos. É como se fosse um processo amnésico. Paralisa a nossa mente e ficamos imersos num marasmo.
É aí que os amigos, família e boas teorias entram… para te lembrar de qual o caminho correcto.


9- Ama-te a ti mesmo!
“Amar-se a si próprio é o princípio de um romance que dura a vida inteira.”
A base de toda a recuperação deve ser o amor próprio. Se já o tens agarra-te a ele. Se não o tens resgata-o.
Só estando bem contigo podes estar bem e fazer bem aos outros.
Só o amor próprio te irá garantir sustentabilidade e solidez em momentos de perdição.
Tu sozinho deves ser suficiente. 1 inteiro. Um casal deve ser dois que se procuram e desejam e não um só. Não deves ficar a metade quando perdes o amado. Deves ser um, ainda. Triste e magoado mas um. Ama-te! Aceita-te! Perdoa-te!

10- Não penses que nunca mais vais querer amar…
Vais pensar. Por muito que te diga para não pensar. Mas vais amar sim. Quando passar irás voltar a amar. Porque é essa a nossa natureza. E porque amar faz bem. E desamar é como um processo de purificação e libertação que te prepara para próximas batalhas amorosas. Desamar é o passo de ligação necessário entre um amor e o outro.

Carlos Osvaldo
Maio 2011

Friday, March 11, 2011

Dedicatória…

Amor à primeira vista,
Por mais paradoxal que possa parecer, o amor à primeira vista pode fazer muito mais “sentido” que o amor que surge com o tempo, em termos de solidez e consistência (não confundir com durabilidade, atenção!).
Conheci-te num ápice. Apaixonámo-nos mais depressa ainda. Ambos sentimos esse instinto de que tínhamos encontrado o que estávamos à procura. Estranho, louco até, talvez, mas não poderia ser mais acertado. Entregámo-nos à tentação e tocámos o paraíso.
Despedimo-nos com aquele sabor irresistível de… “hum… quero mais!”
E eu quero mais, de facto. Quero mais e melhor. Quero apostar em ti. Esquecer os preconceitos de quem pode ver em nós um casal rápido e confundir com despachado. Quero lutar por ti. Por nós. Quero dar sentido e bases a um momento ocasional e quiçá “escrito” algures nas estrelas e desejo que tenhamos a sabedoria de pegar num início promissor e mágico e dar-lhe formas de uma relação que cresça de forma madura e bonita.



Gosto da forma como és intensa, admiro a forma como és verdadeira no que sentes e queres. Como sabes correr atrás daquilo que procuras e desejas. És uma mulher com uma menina por dentro e quero cuidar de ambas. Quero incluir-te num projecto de eu em que estou a caminhar. Quero ter-te por perto e estruturar uma vida a dois a teu lado.
Quero-te para minha companheira. Quero ser o teu melhor amigo.
Que a nossa relação mude… que saiba desenvolver e crescer… mas que continuemos a saber ser felizes juntos e a partilhar e respeitar a pessoa que temos um no outro.

Dedicatória…

Carlos Osvaldo

Sunday, February 27, 2011

Ronaldo- O fim de um fenómeno. Princípio de um mito.



Ronaldo Luiz Nazário de Lima anunciou o final da sua carreira como jogador de futebol profissional no passado dia 14 de Fevereiro de 2011.
Tive, de imediato, um impulso para escrever este artigo em sua homenagem, mas resolvi esperar um pouco. Deixar que as emoções acalmassem um pouco e fazer um balanço sobre o que significou para… o futebol? Não! Para mim, ao longo desta década e meia desde que me conquistou em 1996.
Um artigo como este será sempre pessoal. Tento apenas que não seja masturbatório, pois isso seria um prazer individual.

Ronaldo começou a jogar profissionalmente no Cruzeiro de Belo Horizonte com 16 anos. No ano de estreia fez uma época absolutamente arrasadora com destaque a um jogo em que marcou 5 golos. A estreia na selecção brasileira já se adivinhava. 17 anos.



De seguida é contratado pelo PSV Eindhoven. Forma com Luc Nilis uma dupla das melhores que teve na sua carreira. Cresceu a nível físico e tornou-se um homem nesse ano em que viveu o seu ano de estreia na Europa. Carlos Alberto Parreira decide-se a levá-lo para o Mundial de 1994 nos EUA. Não havia argumentos para o deixar de fora. No mundial em que o ataque brasileiro era composto pela dupla Bebeto- Romário, o Brasil é campeão frente à Itália do grande Roberto Baggio (outro dos meus heróis futebolísticos). Ronaldo não chega a disputar qualquer minuto na prova (para não quebrar o recorde do Rei Péle) mas sagra-se campeão do mundo.





PSV já era demasiado pequeno para segurar este jogador que ameaçava ser a maior sensação desde Maradona. Quando o Barcelona o contrata, na temporada 1996/1997, chega como uma promessa exótica. Era a equipa do Bobby Robson, e Barcelona vivia o trauma pós dream team de Cruyiff. Nessa equipa do Barcelona estavam jogadores como: Figo, Guardiola, De la Peña, Stoichkov, Luis Enrique, Giovanni, Popescu, entre outros. Aquela época fica para a história da sua carreira.



Eu acompanho as últimas duas décadas do futebol e posso afirmar que não houve neste período nenhum jogador que fizesse uma época como aquela. Nunca vi algo igual, nem antes nem depois. Esse é o meu Ronaldo. O melhor jogador que eu alguma vez vi actuar. 47 golos em 49 jogos! Ganhou Taça das Taças, Taça do Rei e Supertaça Espanhola. Todos os títulos em disputa menos a Liga Espanhola.
Fácil é recordar o golo frente ao Compostela, ou os golos frente ao Valência. Eu gravo uma imagem romântica de uma jogada fabulosa, daquelas arrancadas que fazia em que, já na área, sofre uma falta de um dos defesas e, com aquela vontade inocente de jogar futebol, insiste em não cair, em não desistir da sua jogada; do golo que tinha na sua mente. Acabou falhando. Bobby Robson levanta-se do banco, desesperado. Queria que tivesse caído. Mas aquele era o Ronaldo mais puro! Falhou e sorriu… era apenas um jogo!

Depois vieram os prémios e a incapacidade do Barcelona para o segurar. O Inter de Milão foi o seu destino. E aí começaram as lesões. Aí começou a carreira de outro Ronaldo. Como Luís Freitas Lobo escreveu, e bem, depois de disputar um lugar entre os melhores da história, passou a disputar um lugar entre os melhores da sua geração. Milão só trouxe sofrimento a Ronaldo, tanto no Inter como no AC Milan, depois. Foi a sua cidade maldita!




Pelo meio houve o milagre do campeonato do mundo de 1998 em que uma mal explicada “convulsão” impediu que jogasse ao seu melhor nível na final. Zidane e a sua França saíram vencedores por claros 3-0. Em 2002, depois de milagrosamente recuperado de uma lesão ao joelho, marcou 8 golos na prova, sagrando-se melhor marcador e campeão do mundo frente à Alemanha. Em 2006 ainda apareceu para gravar o seu nome para a história como o melhor marcador de sempre dos campeonatos do mundo, batendo o recorde de Just Fontaine que marcara 13 golos numa só edição. Ronaldo tem 14 em mundiais.



A passagem pelo Real Madrid dos galácticos foi uma aventura que começou colorida e acabou sorridente. Ronaldo jogava num ataque de outro mundo com Raúl, Roberto Carlos, Figo, Zidane e Beckham! Essa equipa inspirada era um espectáculo irresistível, mesmo para um adepto do Barcelona, como eu sou.



O retiro em Corinthians ainda lhe deu para ganhar o campeonato paulista e a Taça do Brasil. Ainda deixou apontamentos de classe.



Mas… o seu corpo venceu! As lesões e o peso acabaram com a sua carreira. A sua “primeira morte”, como descreveu.

Mas Ronaldo, por mais mortes que tenha será sempre imortal. Fica gravado como um dos melhores de sempre. Para mim, o melhor avançado que vi jogar (em Barcelona) e um dos meus pontas de lança preferidos.



No auge, era um jogador em puro estado de genialidade. Tinha força, técnica, velocidade e potência, frieza frente à baliza, noção de espectáculo, jogava com ambas as pernas e tudo isso com um sorriso de menino. Celebrando em Barcelona com os braços abertos- toda uma imagem de marca.
Quando brilha em Barcelona o futebol estava precisando de brilho e cor. Foi este o redespertar dos grandes tempos. A Liga Espanhola voltou a ganhar alegria. O Barcelona também e o grande Madrid da altura, com um ataque de Raúl, Suker e Mijatovic, contando com Roberto Carlos, Seedorf, Redondo, Hierro e Capello como treinador teve que se manter sempre por alto. Foi depois dele que o futebol voltou a ser feliz.

Como já celebrei noutro artigo, creio que hoje vivemos uma das eras mais felizes deste desporto e o seu início, pelo menos para mim, deve-se à explosão deste fenómeno. Um mito… um jogador que saltou dos relvados e foi alegre mesmo sofrendo. Cometeu erros e excessos. Não foi perfeito mas foi o mais próximo da perfeição que um jogador de futebol pode ser. Por pouco tempo? Claro! A perfeição, quando aparece, é como um lampejo. Breve e fugaz. Violenta e inesquecível.



Sei que vai continuar feliz. Tem o mundo a seus pés. Eu tenho as minhas memórias e os vídeos que guardarei religiosamente. Daqui a 40 anos ainda dele falarei aos meus filhos e quero poder mostrar esses vídeos de um menino que nos fez feliz com uma bola nos pés.

Carlos Osvaldo

Saturday, February 19, 2011

DESacordo Ortográfico

Que fique claro para todos os leitores deste blog que todos os textos aqui publicados se encontram ao abrigo do DESacordo Ortográfico.
Escrevo no português que aprendi em criança. É essa a língua com a qual me identifico. Recordo-me de quando comecei a pesquisar na internet materiais em língua portuguesa e me chamavam a atenção que os textos brasileiros tinham um português adaptado e incorrecto para o uso que eu deveria seguir. E eu, neste aspecto, serei teimoso e conservador até não mais poder. Talvez quando tenha filhos e tenha de os ensinar a ler e escrever neste brasilês tenha de re-aprender para poder ensinar. Mas, até lá, e enquanto depender de mim continuarei fiel à forma como entendo e sinto a língua.





Assim, continuarei a escrever:

Egipto, em vez de Egito;
De facto, em vez de de fato;
Direcção em vez de direcão;
Actor em vez de ator;
Pêlo (de pelugem) em vez de pelo;
E tantos outros casos….

Aliás, este acordo só me entristece pelo sintoma de facilitismo a que nos estamos a entregar cada vez de forma mais frequente. Não fui nunca dos que contestavam pelo facto dos brasileiros terem adoptado a língua portuguesa à sua realidade. Pelo contrário, acho que as línguas devem ajustar-se às realidades em que estão inseridas. Mas, daí a haver este acordo comum vai uma enorme diferença. Como puderam os portugueses ceder ou aceitar este acordo? Não há maior sinal de cultura que a língua de um povo, na minha opinião. E a língua que eu aprendi faz parte da pessoa que eu sou. E isso não muda por qualquer acordo que os “intelectuais” da minha língua.

Obrigado pela compreensão.

Carlos Osvaldo

Monday, January 10, 2011





PRÉMIOS FIFA BALLON D’OR 2010

Eu gosto de futebol. E muito!
Por isso, este texto, escrito em noite de masturbação futebolística será essencialmente subjectivo e emocional. Perdoem-me os mais racionais.
Em primeiro lugar, como estudioso de eventos, devo elogiar a FIFA pela, mais uma vez, impecável organização da cerimónia. Começou à hora certa. Terminou exactamente uma hora depois. Sem gaffes, sem falhas técnicas. Sem pausas desnecessárias. Apenas uma música a meio. Suave, leve e tranquila. Suficiente para uma breve pausa, mas não para distrair a atenção do essencial.

Quanto aos prémios, bem… não gostei do Prémio Puskas confesso. Penso que se poderia ter atribuído a outro golo. E, porque não comprometer-me com uma opinião? Para mim deveria ter sido ao da jovem sub-17 sul coreana ou ao jogador do campeonato sueco. Já agora, se o golo do jogador sul africano figura na lista por ter sido o primeiro do Mundial, não deveria o do Iniesta também estar na lista como o último e decisivo para a decisão final da prova? Pormenor delicioso o de chamar o guarda-redes para atribuir o prémio ao marcador. Mas, falando em guarda-redes, e já que existe um prémio para o melhor golo, porque não um prémio Yashin para a melhor defesa?

Primeiro momento emocional da noite surgiu quando Sneijder menciona Mourinho quando foi incluído no onze do ano. Que equipa!!!
Treinador do ano… estava difícil, confesso! Pela tradição deveria ser Del Bosque, pelo título de campeão do mundo! Vencedor de Mundial quase sempre ganha.
Guardiola por ter colocado a equipa do Barcelona a jogar um futebol ao nível do melhor de sempre. Um perfeito conto de fadas. Filho da casa. O homem certo no sítio certo à hora certa.
Mourinho por ter feito o que nenhum outro treinador teria conseguido. Assumo esta opinião até ao fim. Com aquela equipa de retalhos de outros grandes e jogadores em idade pós triunfal só Mourinho conseguiria ser campeão europeu.
Concordo que tenha sido Mourinho a ganhar. Foi o treinador com mais impacto na equipa. Guardiola fez um upgrade na equipa de Rijkaard. Del Bosque soube dar seguimento e fazer os retoques necessários na selecção campeã europeia. A sua sabedoria foi não ceder à tentação de querer fazer uma revolução para se fazer sentir presente.

Quanto aos jogadores, que dizer senão…. Barcelona?
Iniesta esteve nomeado pelo golo que marcou na final do Mundial, sejamos pragmáticos. E isto sem retirar um pingo da sua qualidade. É um dos meus 3 jogadores preferidos no mundo na actualidade.
Xavi é um Guardiola do século XXI. Um símbolo de uma forma de estar em campo. O médio perfeito. O cérebro por trás de um estilo. Para mim seria o jogador a ser eleito pela carga simbólica e porque não terá outra oportunidade de ganhar.
Messi é o melhor jogador do mundo, junto a Cristiano Ronaldo, tendo a sorte de também jogar na melhor equipa do mundo. Dar o prémio ao Messi nunca seria injusto, mas ele terá muitos mais a receber. Nos próximos anos (salvo anos de mundiais e europeus talvez) ele e Cristiano Ronaldo irão repartir os troféus entre si.

E este ano, fazendo um balanço, só posso realçar e aplaudir a saúde do futebol. Quando no pódio dos melhores do ano não constam Cristiano Ronaldo ou Sneijder por exemplo é sinal de que a escolha é farta! Só de pensar em anos em que ganharam Mathias Sammer (que eu adorava mas não era um jogador de levantar um estádio!), Owen (dos prémios mais injustos que me recordo… pensando que Raúl, Henry ou Totti nunca ganharam por exemplo!) ou Cannavaro (prémio puramente por mundial).

Como apreciador desta modalidade devo sorrir e perceber que vivemos numa era abençoada! O jogo do Barcelona, o duelo Messi- Cristiano Ronaldo… acho que só dentro de muitos anos poderemos apreciar o valor histórico destes tempos futebolísticos.