Saturday, November 19, 2011

Crise



A palavra crise é perigosamente contagiosa. Basta pronunciá-la para que se instale. É uma questão de crença; ou melhor, de descrença. A primeira vítima da crise é sempre a esperança. Quando falamos em crise temos sempre como pano de fundo falta de esperança.
Assisto ao desfile de propostas e discursos da União Europeia sobre a crise e os caminhos para sair dela. Parece uma situação labiríntica, desequilíbrio nas contas traz austeridade e esta traz mais recessão e daí não saímos e, na verdade, parece-me que o problema reside no foco em que se centra a atenção. Falar de combater a crise é viver preso nela, com os olhos turvos pela sua nuvem.
A meu ver, a crise será combatida quando nos afastarmos dela. Quando o nosso olhar e as nossas atenções se centrarem no crescimento e no desenvolvimento. No recuperar da esperança, por fim.
A solução para a crise não poderá passar, acredito eu, por retirar poder de compra aos consumidores. Uma economia não pode crescer se não tivermos condições criadas para se consumir. Os consumidores serão sempre o agente de recuperação e, para isso, os cortes são contraproducentes. Apertam o rigor mas não estimulam o circuito financeiro. E não esqueçamos que o dinheiro é, sempre, o sangue da economia, seja através de consumo, poupança ou investimento. Se as pessoas não têm dinheiro não podem consumir, e se elas não consomem as empresas não vendem e se estas não vendem não podem dar emprego e sem emprego as pessoas não têm dinheiro e sem dinheiro não podem consumir e…. crise!
Para vencer a crise devemos focar-nos em crescer. Em resgatar a esperança. Saber, e admitir, que estamos num buraco e que, após as devidas lições aprendidas, a solução terá de passar por olhar para cima e não para baixo. Olhar para a luz a não para a sombra.

Carlos Osvaldo

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