Wednesday, December 22, 2010

Amor Perfeito...

És uma das mulheres mais especiais que já conheci…
Um amor que poderia ter sido O grande amor….
A história duma vida que ganhou asas dentro da realidade de um sonho.

As coisas mais perfeitas nesta vida são as que nunca se realizam. É dentro dessa dimensão de futuro adiado que se encontra a verdadeira essência do sonho… e ele ganha pontos como motor de toda(s) a(s) vida(s) que nos impelem a sermos alguém melhor… mais perto do que queremos ser.

Poderíamos ter sido felizes juntos. Muito até, se soubéssemos ser emocionalmente inteligentes para isso. Mas seria um amor alimentado por mim e consumido por ti. E nunca partilhado como deve ser. Quem sabe se estivesse noutros tempos… ou tu também… é esse espaço infinito que cabe em duas pequenas letras a que chamamos “se” que faz com que mesmo no não sucesso exista valor.

Prefiro ser feliz sozinho como já era antes de te conhecer. O meu mundo, o meu amor não estão a soldo. Dá muito trabalho encontrar paz interior. Estar bem consigo mesmo é o amor mais duradouro desta vida; porque é o que cultiva o terreno para que outros amores possam surgir. E aí podemos mergulhar, voar… divagar até! Porque temos um mapa que já nem precisamos consultar tão instintivo e natural que se torna dentro de nós…

Ouço o cd “Minha alma” de Yola Semedo… é madrugada… uma leve insónia se atravessou no meu sono e resolvi traduzir o meu sonho… que um dia foste tu… mulher tentação. Criada por mim dentro de mim… essa que eu conheci sempre será minha… e sempre será eterna… maior do que tu, eu ou o tempo que nos guia… porque é perfeita e por isso jamais se vulgarizará a teimar em ser meramente “real”.

O que não entendemos faz muito mais sentido porque se torna muito mais fácil de ser acreditado…

Como dizia a música, “ vou pensar em ti até te esquecer..."

Carlos Osvaldo
22 para 23 de Dezembro de 2010

Friday, December 17, 2010

Vida militar

Ja foram a alguma cerimonia militar? Outro dia fui a cerimonia de icamento da bandeira duma academia militar. Eu sempre admirei a disciplina da vida militar sabem? Especialmente porque nao estou la....

Mas eh bonito aquilo. E admiro mesmo. So que nao me sinto la muito confortavel. Nunca sei quando tenho que fazer sentido ou continencia. Se as ordens sao so para eles ou para nos que estamos de fora. Tenho sempre um certo medo de quebrar o protocolo. Uma vez veio-me um espirro forte e quando espirrei coincidiu com aquela altura em que atiram uma salva de balas para o ar. Acordei numa cama de hospital, do susto...
Acho que um homem de arma eh sempre imponente. Pode estar nu ou vestido com as roupas da Labida e LaSanta que ninguem se vai rir dele, acreditem!

Na tropa ha varias categorias. Todas bem definidas e seguindo uma hierarquia muito rigida... ha o comandante, o major, o capitao... e tambem ha varias profissoes: os paraquedistas, os comandos, os marinheiros... e ha aquelas mais peculiares como: o cozinheiro, o cabeleireiro e depois ha as que eu gostaria de ter: tocar a trombeta ou segurar a bandeira... ja viram bem? Qual sera o treino para essas profissoes? Ter forca de pulmoes no caso da trombeta e nao ter asma, claro.... e nao tremer os bracos, no caso da bandeira, calculo... mas nao deve ser facil. Eles nao devem ser la muito respeitados perante os colegas. Os outros a acordar as 5 da manha e ralarem... rebolarem na lama... levantarem peso e os colegas da orquestra a ensaiar com o triangulo e as pandeiretas. Mas eh uma verdadeira sociedade ali...

Outra coisa que gostei foi da parte em que desfilam perante a audiencia. Ha varias marchas e varias formacoes. Ha uma que dao uns pontapes no ar enquanto andam... tenho sempre medo que pontapeiem o colega da frente... E tambem ai que surge um tipo que tambem tem uma profissao engracada: eh o tipo que grita. Funciona assim...o tipo grita e os outros fazem uma formacao X ou Y. Por exemplo: fiquem de pe, por favor. Formacao TARTARUGA!!!! bem, voces a esta hora estariam fuzilados de tao maus que sao.

Eu sei que agora ha muito a igualdade de generos, mas confesso que acho que tropa eh sitio para homens. Ha simbolos que dizem isso. As fardas. Aquelas verdes camufladas que o Azagaia usa.Acham que foram feitas para mulheres? Naaa...nao tem nada para corpo feminino ali...nao ha curvas...nem espaco para nada... outra coisa... a historia de rapar cabelo... e as proprias armas... o canhao, por exemplo. Sera que ninguem ainda reparou que o canhao tem formas ligeiramente parecidas a uma parte da anatomia masculina? Um pau erecto com duas bolas de lado... imaginam uma jovem recruta a aprender a disparar um canhao? A tendencia dela seria, naturalmente, colocar-se a frente do canhao e nao atras... Mas nao eh culpa dela. Ela foi educada desde a infancia a ficar a frente, e nunca atras de um pau com duas bolas... e a esperar que as balas venham ao seu encontro... agora atras nao... eh anti natural! Tanto faz que ela, a jovem recruta, fique de frente ou de tras para o canhao, mas sempre a frente dele... o que nos traz outro grande problema... mulheres na tropa constituem um problema de seguranca nacional... as recrutas iriam suicidar-se...

Transplantes

Viram a noticia da semana passada que foi realizado o primeiro transplante facial do mundo?
Foi em Espanha e, um jovem que aparentemente tinha ficado transfigurado por um acidente. Parece que nem conseguia respirar sem uma maquina e tal... a unica solucao foi tentarem este transplante. Assim, cortaram a cara dele e colocaram outra, de um cadaver, ajustando nariz, mandibulas, etc...

A operacao foi um sucesso, e eh provavel que o operado esteja a sair neste momento do hospital. A identidade do dador da face e do operado sao mantidas em segredo claro, mas imaginem so... acho que nao deve ser muito dificil depois da operacao adivinhar, para as pessoas que conhecem um deles.
Pensem comigo... imaginem que eh meu irmao que morreu e demos a cara a outra pessoa. Sera que eu nao vou reconhecer a cara dele no corpo do operado? E qual ira ser a minha reaccao? Vai ser como ter outro irmao?
Estranho neh?
E vejam so do outro lado... imaginem que eh a minha namorada que fica desfigurada e lhe trocamos a cara... como seria quando saisse?
E a propria pessoa quando se vir com nova cara?
Para mim o sucesso desta operacao nao tem nada a ver com a parte medica, mas uma outra bem mais simples: se a cara nova eh bonita ou nao. Porque, vejam la comigo. Se for uma cara bonita sais a ganhar, se eh uma cara feia nem quero imaginar.
E imaginem quando estas operacoes forem frequentes... ja estou a imaginar o mercado negro do trafico de caras bonitas, porque todos vao querer estas caras. Pagar 1 milhao de dolares pela cara do Denzel Washington. Mas eu duvido que haja cara de pretos nestas operacoes. Vejam so a situacao de nao encontrares uma cara da tua raca.... e eu ter que sair com a cara de um homem branco. Sera que pintavam a cara? Ou ficava assim mesmo, tipo zebra?
Voces acreditam mesmo que esta operacao pode correr bem? A cor da cara vai ser igual a do corpo? A pele... sei la.... tudo me parece estranho demais. E se o corpo rejeitar a cara? Ja viram a cena? Estou numa entrevista de emprego e puff... a cara salta, explusa pelo corpo... vai cair em cima do meu CV na mesa do entrevistador. Ai, ja estou a imaginar o entrevistador: “esta contratado, porque sei que o senhor me mostrou a sua verdadeira cara...”

Tempos modernos

Quero falar-vos de tempos modernos…
Eu gosto da modernidade. Sou admirador de ver como a forma como vivemos vai mudando a medida que o tempo avança. E também gosto de ver as coisas que não mudam.
Por exemplo, sabem qual a divisão das nossas casas que menos tem mudado? Adivinham qual e? a casa de banho! Principalmente a sanita, já viram bem? Mesmo o papel higiénico. Já viram bem que desde que nascemos o papel higiénico pouco mudou? Televisão, computador, carros, motas, casas, internet, roupas, tudo muda menos o papel higiénico que esta quase na mesma… fascinante!

Outro dia estava a fazer zapping pela televisão quando paro na Record e vejo um daqueles programas brasileiros das tardes de fim-de-semana em que põem estranhos a dar beijos e tal. Então o que me chamou a atencao, para alem das dançarinas gostosas claro, foi uma rubrica chamada “Bom de salsicha”. Então de que se tratava? Estava no Brasil o recordista mundial de comer o maior numero de hot dogs, ou cachorros quentes para quem precisa de legendas, no menor tempo.
Então estavam a fazer provas no programa com candidatos a desafiar o grande recordista. La estavam eles todos entusiasmados a enfardar o maior numero de cachorros que conseguiam. O vencedor la desafiou o recordista que claro ganhou. Teve uma chuva de aplausos e passaram ainda um vídeo dele a desafiar um urso no enfardamento de cachorros quentes. E mesmo ao urso ganhou. A sua técnica era imparável, de facto. mas já pensaram bem na idiotice? E isto que nos esta reservado nos tempos modernos? Quando ficamos sem imaginacao começamos a defecar ideias destas? Bom de salsicha? Um homem em 2001 a competir com um urso a ver qual come mais depressa? e a evolucao da espécie no seu melhor…

Mas há outras coisas que me deixam a pensar… já viram aqueles pães de forma sem côdea? Para quem não sabe côdea e a parte de fora do pão de forma. Sim, aquela castanha. Para não dizerem que não se aprende nada em ImproRiso. Eu acho aquilo uma mariquice, mas há quem compre. A família quando vai as compras leva um saco de pão normal, estilo bola ou carcaça a moda antiga, para o pai. Pão de forma normal para o menino, pão de forma sem côdea para a menina e pão de forma integral para a mãe. A avo pede umas torradinhas integrais e a tia pede umas torradinhas normais. Foda-se!!!! Não e tudo pao?!!! Mariquices do Caracas!!!!!

Há uns tempos saiu uma noticia que dizia que um grupo de cientistas tinha desenvolvido melancias que vinham sem sementes. E não nego que eu gosto. Também gosto das uvas sem sementes, mas e uma mariquice meu! Já alguém deixou de comer melancia porque tinha sementes antes? E a mesma coisa que alguém deixar de comer peixe porque tem espinhas ou carne porque tem osso. São coisas que sabemos a partida caramba!
Mas o que me irrita de verdade e pensar que há uma equipa de cientistas que dedica as suas vidas a investigar essa formula brilhante- melancia sem sementes. Com tantas doenças, com sida ainda sem cura, com malária ainda a precisar de uma cura eficaz há pessoas a pesquisar melancias sem sementes. Anos de estudo para essa carreira brilhante. E preparem-se que ainda vão atacar o peixe e a carne por este caminho!

Tempos modernos…

Outra noticia fascinante que vi outro dia foi sobre um dos patrões da Formula 1- Bernie Ecclestone. Ele esteve envolvido num caso de corrupcao. Tipo o da FIFA em relacao ao mundial. Então, ele pouco depois foi agredido num assalto. Levaram o relógio e dinheiro mas todos entenderam que aquele assalto tinha outras motivacoes. Adiante, os jornais fizeram todos manchetes no dia seguinte com a cara do velho todo inchado e esmurrado. Uns dois dias depois sai a noticia de que ele tinha feito uma publicidade aproveitando o assalto. Quando a vi cai para o lado. E a modernidade no seu esplendor. Fizeram um anuncio com a marca do relógio que roubaram ao velho. O anuncio era assim: a foto do velhote todo inchado e ao lado a imagem do relógio dessa marca e um texto a dizer: “o que as pessoas não fazem por este relógio”. E ai esta! A verdadeira prova de que tudo na vida pode ser visto pelo lado positivo. E assim que há pessoas que ficam ricas- sabem fazer dinheiro de tudo, ate das maiores desgraças!

Tempos modernos, meus amigos… tempos modernos!

Profissoes

Meus amigos, como estao?
Hoje quero falar-vos de profissoes.
Eu tenho uma teoria. A profissao que nos temos influencia a nossa personalidade.
Ja alguma vez reencontraram antigos colegas da escola primaria e os encontram completamente alterados? Ha aquele que era o maxao da turma e agora virou meio frutinha e mais tarde descobres que trabalha como cabeleireiro. Eh um choque nao eh? Ainda nos lembramos dele como melhor em desporto da turma e o que dava mais porrada e imagina-lo com uma tesoura e laca na mao ate da arrepios!
Ou aquela moca super gostosa da 7ª classe que agora virou cantora de um grupo punk e esta toda tatuada, com cabelo rapado e uma crista pintada a vermelho e quando olhas para o corpo dela ja nem consegues distinguiir onde fica a cintura nem onde acabam as mamas.

Ja imaginaram um gajo como o Armadu ser personal trainer?
Ou ja imaginaram o Rico como professor de danca?
Ha coisas que simplesmente nao combinam.
Quando vamos a uma oficina esperamos encontrar gajos com cara de macho, certo? Porque é um ambiente para machos! E o mesmo homem da oficina fica bem como seguranca, ou num talho ou matadouro. Cenas assim... mas ja o imaginaram num spa? Ou numa loja de roupa? Muda tudo...
Ou experimentem pegar num professor de musica e po-lo a trabalhar como guarda prisional. A cena nao vai dar certo, ja vos digo.
Ou pegar num pugilista e pô-lo a desfilar nas passereles. Soa estranho, não soa?

Por falar em profissões, já repararam em como elas sao diferentemente importantes para homens e mulheres? Para nos, pouco importa o que uma mulher faz, desde o momento em que gostemos dela... ou do corpo dela hehe. Mas para elas não é bem assim. A coisa muda de figura. Já viram? O mesmo homem, se se apresentar como advogado ou como porteiro tem diferentes possibilidades de engatar com sucesso. Ou o fascinio que as mulheres têm em relação aos médicos! Só comparável ao nosso em relação às modelos. Conclusao: as mulheres querem alguem que entenda como funciona o corpo. Nos so queremos o corpo.
E por falar em modelos, tenho aqui este belo frasco de um genuino produto mocambicano. Quem nunca viu esta embalagem? Quero que pensem nesta embalagem de forma diferente hoje. Quero que pensem em como a vida destes modelos pode ser afectada por terem feito este contrato de serem a imagem desta marca de preservativos.
Sera que depois do contrato firmado correram a dizer a todos os amigos e familia: "Hey pessoal, vou ser a nova imagem do kamasutra? Ou maaaaaaaaaaeeeeeeeeeeeeeee nem acreditas! Vou ser a nova imagem do Jeito!"
Deve ser algo embaracoso nao é? Imaginem-se como namorados da moca que esta na imagem da embalagem? Estao na rua e lá está foto dela...e saberem que depois de ver aquela foto toda a gente só pensa em sexo.
Ou o teu amigo quando comenta contigo que vai experimentar a tal marca e no dia seguinte de diz que lhe deu muita "pica"...
E o que pensarão os pais?
- Então, sr Justino, há quanto tempo!
- É verdade, como o tempo voa. Como estão os miúdos?
- Bem, o Rui está como professor de fisico-quimica e a Marta como modelo.
- Ele sempre teve uma boa cabeça e ela sempre foi muito bonita... mas tem tido sucesso? Sei que não é uma profissão fácil aqui em Moçambique...
- Por acaso tem dado tudo certo, felizmente. Fechou agora contrato com uma empresa que tem promovido bastante a imagem dela.
- Ai é, qual?
E aí, quando o pai diz a marca de preservativos, o amigo espantado diz:
- Opá, não me digas, por acaso tenho uma agora no bolso!- E tira a caixa e diz: "nem me tinha apercebido que era ela! Mas agora que me dizes... ah, Martinha! Não mudaste nada! A mesma boca, o mesmo olhar de criança marota... é mesmo ela!
E por muito inocente que seja a conversa é inevitável que o pai comece ficar desconfortável e mude de assunto o mais depressa que souber. Porque vai lhe sempre soar a sexo.

Racismo

O racismo esta em alta hoje em dia. Muita violencia. Muita agressividade.
Quem é mais racista? Negros ou brancos?
Sao os negros, sabem porque? Porque nos odiamos os outros negros tambem.
Tudo o que os brancos nao gostam nos negros os negros tambem nao gostam nos negros.
Ha muita maluquice entre os negros por ai! Parece que estamos todos loucos e metidos numa guerra civil. E ha dois lados: os negros e os pretos.
Os negros dizem: os pretos tem que bazar! Sempre que os negros querem passar um bom bocado. Curtir a vida. Os negros metem-se no meio para estragar tudo. Serio, nao se conseguem fazer nada. Nao da para sair com a familia em paz. Manter uma discoteca aberta por mais de tres semanas sem uma cena de pancadaria.
Eu adoro negros, mas nao gosto de pretos! Nada mesmo. Quem me dera que me deixassem entrar no Ku Klux Klan ou num grupo de skin heads que so atacassem pretos.
Nao podes ter nada valioso se vives perto de pretos. Nao podes ter uma tv com ecra plasma, por exemplo. Se compras uma tv com ecra plasma, ou trazes para casa de madrugada, esperando que todos os vizinhos ja esteja a dormir ou estas lixado porque se te vem a entrar com aquilo... oh oh... caixa grande... tv lisinha... comecam os olhares e os planos dos pretos a aparecer. Uns aparecem para te pedir oleo, outros pa pedir acucar, mas todos querem ver a nova tv. Ficamos tao medrosos que nao saimos de casa durante dez dias so para vigiar a tv. Ate dormimos na sala com medo.
E quando saires no 11o dia e fores assaltado pelo teu vizinho preto, ele vai ser o primeiro a vir ter contigo “epa, ouvi dizer que foste assaltado”. So da vontade de dizer “eu sei que ouviste dizer. Porque tu nao poderias ter visto porque estavas muito ocupado DURANTE O PROPRIO ROUBO”. Por isso que os negros que tem dinheiro vao viver para a Sommerschield; para estarem perto de brancos.
Estou cansado, cansado, cansado, cansado de pretos!
Sabem outra coisa que nao gosto nos pretos? Eles querem ser elogiados por fazerem coisas que sao sua obrigacao.um preto gaba-se de uma coisa que qualquer homem normal tem de fazer.
Por exemplo : “eu levo os meus filhos a escola”... eh suposto levares os teus filhos a escola, seu idiota! Queres um premio Nobel por isso?!
Ou outra “eu nunca fui preso.” Queres uma bolacha por isso seu burro? Nao eh suposto ires a cadeia. Dah!!!!
Sabem qual a pior coisa dos pretos. A pior mesmo. Pior pior pior pior pior? Pretos adoram nao saber! Nada deixa um preto tao feliz como nao saber a resposta a uma pergunta tua. Por exemplo: “como se vai para a rua de Angola?” e ele responde todo sorridente e aliviado “nao sei man! Peace!”
E ja vos disse antes mas repito. Quando os pretos entrarem em vossa casa, se quiserem salvar o dinheiro, guardem no no meio dos livros. Os pretos nao leem. Livros fazem alergia aos pretos.
Cansao disto. Cansado cansado cansado cansado!
Uma mae solteira negra. Dois filhos. Dois empregos. Mata-se a trabalhar para que nao falte nada em casa. Ao lado a vizinha, a mae preta com seis filhos e gravida do setimo que passa a vida em casa a ver novelas e a resmungar da pobreza. A vontade que da eh de dizer: “para de foder! Vai trabalhar! Fecha essas pernas e poe nas a andar...
E eu vejo alguns negros a olhar para mim de lado. Com cara feia e ar de zangados e ofendidos : “qual a cena de falares assim man? Porque que tens que ser tao duro com os nossos irmaos? Sao os brancos e os monhes que distorceram a imagem da nossa raca man. Tu sabes...” ah, vao se lixar! De verdade! Quando eu vou a ATM nao eh dos brancos e dos monhes que estao a olhar para mim que eu tenho medo. Eh daquele preto com olhar de rotweiler que esta a olhar me a espera que acabe. Uum gajo ate fica atrapalhado. Tentas fazer tempo. Controlar o saldo. Ver o registo de movimentos. Trocar o pin. Voltar ao pin original. O gajo esta a meter a mao ao bolso a preparar a pistola. Ya, vida dura...
Ja repararam que, enquanto pretos, temos mais respeito ao sair da prisao que da universidade? Um preto sai da prisao e parece o rei do mundo. Quando sais da escola ninguem da assim grande importancia. Se vao a tua casa eh para comer e beber, acredita! Mas na verdade estao a pensar: “este aqui que nao venha com as tretas literarias dele para cima de mim, fogo! Com teorias de Freud, de Socrates. Um mais um eh dois, ate eu sei. Deve achar-se o mais esperto do bairro agora. So gostava de saber se consegue bater com mais forca ou correr mais depressa. Palhaco...”

Negritudes

Li outro dia que os cientistas da NASA estavam aflitos porque perderam a cassete com a filmagem original do Homem a aterrar na Lua. Eu nao entendo esta gente... os cientistas mais brilhantes do mundo... capazes de aterrar o ser humano na lua. Produzem um foguetao..naves espaciais incriveis...mas nao sabem usar um cofre ou fechar um cadeado... serio! Agora entendo a expressao cabeca na lua melhor do que nunca...


Sobre Mocambique... ouvi que a esperanca media de vida no nosso pais subiu...atencao...SUBIU para 47 anos. Foi a conclusao de um relatorio das Nacoes Unidas. A esperanca do ano anterior era de 42 anos. Nao sei se ja pararam para pensar no que isto significa: muda toda a escala de vida. Se morremos aos 47, significa que tudo tem que ser mais curto e mais rapido.
Assim, a infancia tem que ser dos 0 aos 10. A adolescencia comeca aos 10 e vai ate aos 20. A idade adulta dos 20 aos 30 e depois vem a terceira idade, dos 30 aos 40. Dos 40 aos 47 eh a idade da demencia... a partir dos 47 quem chegar eh um iogurte fora do prazo... hum...vejo alguns de voces por aqui... bem, boa sorte...
E ja pensaram no alivio de quem fez 41 anos no ano passado? Quando fez 41 deve ter ficado a pensar...bem, so me resta um ano para cumprir a media. E agora tem mais 5 de tolerancia. Na situacao contraria temos os que fizeram 46 anos no ano passado e ja estavam a cantar vitoria e agora ficam na situacao de um ano para a media. Ups, deve ser frustrante. Imagino como eh soprar as velas do aniversario com medo de soprar com muita forca para nao sofrer um enfarte.
Dizem que um dos sintomas da pobreza eh a baixa esperanca de vida e nao entendo. Pensem comigo, nao devia ser ao contrario? Se eu tenho 1 milhao de meticais para toda a vida sou mais rico se viver 5 ou 50 anos? Cinco, claro! Ai posso gastar mais em cada dia, em cada ano. Viver como um rei e senhor. Os mocambicanos sao muito mais inteligentes do que pensam esses teoricos que fazem as estatisticas. Por isso que mocambicano primeiro curte, danca, bebe e faz filhos. E depois procura trabalho para aguentar as despesas. Mas sempre aliviado, porque sabe que nao vai ser por muito tempo. Ja repararam nisso? O branco estuda, depois trabalha para se organizar e depois faz filhos. Isso porque vivem muito.... nos nao...primeiro curtimos... fazemos filhos...grandes txilings...e depois la vemos essa seca de estudar e jobar para aguentar a pressao dos putos. A nossa atitude desprendida nao eh irresponsabilidade nao. Eh pura nocao de matematica com pitadas de economia para apurar.
A nossa raca tem muito que se lhe diga... somos bons em varias coisas... somos melhores atletas...mais desenrascados....mais resistentes...e eu acho que temos uma imaginacao superior a qualquer outra raca. Outro dia ia apanhar um chapa e passa um tipo por mim vendendo... uma folha de papel A4. Estou a falar serio! Nao era um caderno, nem uma resma. Era uma folha de papel. Uma vez, num machibombo quando numa viagem entre Chimoio e Maputo vi que encaixaram cabritos naquele espaco entre o pneu e carro. Os quatro pneus tinham cabritices encaixadas...em cada curva la iam os cabritos guinchando, mas chegaram vivos a Maputo.
Grandes mestres da seguranca sao negros sabiam? Esta cientificiamente provado por uma teoria que acabei de inventar porque me dava jeito para este texto, que pessoas da mesma raca percebem melhor o que pensam os seus pares. Assim, se queremos saber como pensa um negro devemos perguntar a outro negro. E como nos somos bons no crime, tambem somos bons policias. E sabem que em grandes zonas de dinheiro, como Paris, Nova Iorque, Londres ou Sommerschield a policia da um conselho bem guardado aos moradores. Se querem esconder os vossos bens preciosos de negros guardem-nos no meio de livros. Somos capazes de correr 100 metros em 7 segundos, de levantar 300 kg. De saltar nao sei quantos metros e de conseguir abrir cofres super modernos, e ate de roubar a cassete original do video do homem na lua a super NASA. Pensavam que foi um branco? Nada...so pode ter sido um de nos. Somos capazes de mil peripecias mas confesso-vos...Negro tem alergia a livro. Mas nao contem a ninguem...senao ainda comecam a violar os livros, quanto mais nao seja para rasgar as paginas e vender as folhas e a capa...
E para terminar queria introduzir-vos ao lema de todo o bom negro:

Quem trabalha muito erra muito... Quem trabalha pouco erra pouco. Quem nao trabalha nao erra...e quem nao erra eh promovido...

Homossexualidade

Eu gosto de ser homem. Eh bom. A melhor parte de ser homem, para mim, eh poder estar com mulheres. Mas esse eh o meu caso e respeito muito as diferencas de pensamento das outras pessoas. Os homossexuais, por exemplo... eu reconheco que ha vantagens num casal gay. A serio, pensem bem. Podem partilhar as roupas todas. Eh so arranjares um namorado com corpo parecido e ja esta, na mesma altura duplicas o teu guarda roupa.
Para mim o mais dificil de entender eh como eles se conseguem paquerar. Homem nao sabe paquerar meus amigos. Nem um pouco. Ja viram aquelas nossas dicas de:

- Nao estas cansada? Eh q nao paras de correr no meu pensamento...
- Nao queres boleia? Essas pernas nao foram feitas para andar....
- Pareces te muito com a minha proxima namorada...
- Es boa como milho...
- Nao sabia que as flores andavam...
Ou a tecnica da buzinadela ou do assobio...de certeza que ja viram... o que eu nao entendo eh como eh que ha homens a cair nessa cantiga de engate? Ja imaginaram bem? Um homem no carro. Parado no vermelho. Outro passa na passadeira... e ai, o do carro toca a buzina e o outro fica apaixonado. Acreditam que isto acontece? Ou sera que os gays conquistam outros homens de forma diferente da que os hetero conquistam as mulheres?
Porque se ha eu gostava de saber. Acho que nao sendo concorrencia devemos partilhar uns com os outros.
Ha outras duvidas que tenho. Na danca, quem conduz?

E as vezes paro para pensar. Eu estando a namorar. De repente a minha namorada acaba e arranja outra pessoa. Doi mais se for com outro homem ou se for com outra mulher? Porque, por um lado, se eu for trocado por um homem fico ferido na minha honra e orgulho de homem, mas se for por uma mulher fico a pensar “sera que ela ja era lesbica ou eu sou um homem tao mau que a afastei de vez desta nossa equipa?”
E a conquista suprema para um homem seria roubar uma mulher num casal de lesbicas. Imaginem so como ele se poderia gabar aos amigos: “ya, ela nao gostava de homens mas ai apareci eu...”

Ex mulher

Quero ensinar vos uma coisa que aprendi por experiencia propria. E quero que repitam comigo, como se fossemos crentes numa oracao. Estao prontos?
MULHER EH POR ALGUM TEMPO. EX MULHER EH PARA A VIDA TODA.
Repitam comigo:
MULHER EH POR ALGUM TEMPO. EX MULHER EH PARA A VIDA TODA.

Entao... assimilado este conceito basico quero dar vos umas dicas uteis para perceberem bem o casamento nesta nova perspectiva.
Quando pensarem em casar.... tenham sempre presente que essa pessoa tem que ser boa mulher e, acima de tudo, boa ex mulher... essa eh a relacao que, caso a 1a falhe, ira ficar.
Todos ja vos ensinaram a escolher uma boa mulher...pais, avos, tios, amigos....todos se preocupam com isso... mas escolher ex mulher eh mt mais dificil acreditem... por exemplo... aceitem algumas dicas:
- Ex mulher deve ser independente para nao ficar sanguessuga a viver a custa do nosso salario.
- Ex mulher deve ser bonita e gostosa para arranjar outro marido depressa...assim evitam se obcessoes e coisas mal acabadas;
- Ex mulher nunca pode ganhar mais do que tu... assim evita se que te atire isso a cara quando discutirem
- Ex mulher deve ser tua amiga para poderes continuar a ver os filhos sem dor de cabeca;
- E por ultimo, mas nao menos importante.... ex mulher deve ser inteligente para saber que, apesar de ser ex, continua a ser tua mulher e que nao faz mal nenhum se de vez em quando derem aquela escapadinha amigavel.

E meus amigos, uma dica que recebi que muito me tem ajudado eh a sgt: quando fores a casar deves ter 4 regras para escolher a mulher.
- Deves arranjar uma mulher que cuide bem de ti;
- Deves arranjar uma mulher que seja intensa e apaixonada por ti;
- Deves arranjar uma mulher com a qual gostes de conversar e passear.
- E a quarta...e a mais importante... deves evitar que as tres se conhecam umas as outras.

E se Deus fosse negro...?

Hoje estou inspirado, sabem?
Estou num daqueles dias em que a intelectualidade me fala mais alto.
Quero propor-vos um diálogo limpo. Sem falar de coisas vulgares e sem sentido. sinto-me um improfilósofo hoje. Tudo começou esta manhã. No wc mais precisamente. Já vos ocorreu inspirarem-se enquanto expelem dejectos do vosso corpo? E quanto mais duradoura a excreção mais intensa vai ficando a inspiração... e no meio dos suores esforçados provocados pela actividade defecatória se atinge o expoente da brilhantez mental. Foi assim que começou o meio dia. Da merda se fez o génio!

Já repararam nas representações que existem de Deus?
Como são? Branco, na casa dos 30 anos, com cabelo barba... rosto comprido, alto e magro, certo? Chapéu de chifrinhos à volta da cabeça e um fato de banho improvisado a tapar as partes íntimas.Essa é a representação de Deus na visão ocidental. Cristãos, protestantes, IURDISTAS e outros de religiões primas seguem mais ou menos essa imagem de Deus.
Para os orientais, temos a imagem de Buda como Deus. Asiático, gordo, sentado e vestido, com cabelo escuro, com tranças ou careca. Brincos e um ar de estar em meditação.
Para os muçulmanos é um profeta mascarado, porque não se pode ver a sua cara...

Pensemos um pouco no que cada um representa. O branco é a imagem de um hippie, tipo aqueles dos anos 60, com cabelos compridos e que fumavam passas gritando peace and love com umas calças cor de rosa e uma camisa cheia de flores aberta até ao peito.
E o asiático. O nome não está nada mau: Buda. É um nome simples e familiar, tipo alcunha de casa. Todos nós acabamos conhecendo um gordinho de alcunha Buda. Mas a cena dele, de estar sentado, numa onda de relaxamento interminável é um certo incentivo à preguiça. Daí ser gordo, pela falta de exercício e a onde de tranças e às vezes brincos também não acho que fique muito bem.
Agora, o muçulmano, Maomé... curto a cena dele das 7 virgens para cada um, mas o problema das virgens é que só servem uma vez. Só são virgens até à primeira vez. Depois o rótulo fica sem sentido. Daí que ache que não é estímulo suficiente para nos juntarmos a ele. À quinta virgem começaríamos a ficar com medo. A gerir as outras duas restantes para não acabar o stock. E para além disso, eu na verdade, não entendo esse fascínio em relação às virgens... eu já estive com virgens e confesso que não me deu especial prazer. Quem quer estar com alguém que não sabe o que está a fazer naquele momento? Mexem demais, ora de menos. Pernas em sítios onde não deviam estar. Braços trocados...
Como negro não me revejo em nenhum deles como inspirador ideal para a nossa raça.
Se o Deus branco fosse actualizado eu haveria de propor um James Bond assim. Mas na onda em que estão iriam escolher um Elton John...
Se o Deus asiático fosse modernizado teria que ser um Bruce Lee, mas não, iriam optar por uma imagem dum lutador de sumo. Conhecem sumo neh?
O muçulmano tem a vantagem de não precisar de ser actualizado porque a máscara no rosto está sempre na moda.
Agora, o meu grande desafio é... e se Deus fosse negro?
Eu ainda não tenho uma proposta para apresentar, mas sei que nenhum verdadeiro macho negro se pode rever num dos modelos que existem actualmente. Temos que procurar o Deus negro para nos inspirarmos e encontrarmos um futuro melhor. Por isso é que somos a raça mais pobre. Estamos orfãos de Deus...
Então é esse o desafio que vos quero lançar… se Deus fosse negro… como seria? Cara de quem? Corpo de quem? Cabeça de quem?
Pura teologia improrisatica meus caros!

Desportos para brancos

Quero falar-vos de racas. Alias, nem é bem de racas… na verdade quero falar-vos de desporto. Ou ambas as duas já nem sei bem!
Já ouviram falar nos chamados desportos para brancos? Quais são?
Golf, F1, xadrez, natacao, ténis…
Se forem a ver são nestes desportos que não temos negros como campeões. Isto de uma forma tradicional, porque Lewis Hamilton e Tiger Woods já começaram a atrapalhar o esquema dos brancos…
Mas sabem por que não éramos campeões nesses desportos? Por um de dois motivos: não nos apetece muito praticá-los ou são muito caros para a maioria dos negros.
Os brancos têm a impressão que são melhores nesses desportos mas a verdade é que não nos dá muita pica entrar nesses jogos. Para a maioria de nos são uma grande seca, sejamos sinceros!
Pensem bem… algum de vocês havia de trocar um jogo de futebol por um jogo de badminton?
F1 e nice, mas cara… e quando um preto tem dinheiro para praticar pode ser campeão como o Hamilton. A verdade é essa meus amigos, nos somos fodidos em desportos! Alias, nos somos fodidos em tudo o que envolva esforços físicos.
Basta ver as nossas brincadeiras: (ENUNCIAR ALGUMAS BRINCADEIRAS TRADICIONAIS QUE SEJAM ESSENCIALMENTE FISICAS). Vejam la… desde putos começamos a treinar para desporto. Os brancos vão para academias para ficar bons a correr. Nos aprendemos isso no mercado, quando roubamos bananas a uma mamana.
Eles vão a escolas para aprender a dar mortais e a fazer espargata. Nos fazemos isso na praia nas calmas, a brincar…
Nos somos lixados pessoal…. Tudo o que tenha a ver com corpo nos batemos! Nosso defeito é não ter paciência. Por isso nunca vão ver um preto campeão de xadrez. Qual é o preto que iria aguentar 5 horas sentado a pensar e a olhar para um tabuleiro? So se fosse um gajo na prisão e mesmo ai teria que estar em solitária para treinar o jogo. So assim um preto pode ser campeão num jogo de paciência e concentracao.

De resto somos maus… não há como competirem connosco.
Cabedal… peguem um branco com cabedal e ponham um preto dakeles big ao lado… não há comparacao. Xima da uma massa que não se consegue com proteínas ou anabolizantes de brancos.
Filmes porno…peguem um branco com material robusto e peguem um preto…nem precisa de ser tão robusto. Um médio…. Ya…. Esta tudo visto.

Esses desportos em que eles são campeões são aqueles que nos não queremos muito fazer. De resto somos nos. Futebol, basket, atletismo, boxe, enfim….

Ricos

Eu nao entendo os ricos.
Ha coisas neles q nao me fazem sentido para mim. Ideias, atitudes, comportamentos. Na verdade, so os ricos se entendem entre si. Sao como uma tribo a margem da sociedade. Estravagantes e estranhos.
Todos nos achamos isso, mas temos medo de dizer que eles sao esquisitos. Achamos que nos eh que temos alguma coisa a faltar, mas a unica coisa que nos falta eh dinheiro. So isso... o resto eh maluquice deles mesmo.
A unica coisa que eu admiro nos ricos eh o $ que eles tem a mais que eu. Tudo o mais eh loucura!
Mas vejam bem comigo. No meio de todas as loucuras deles ha uma coisa que nao faz mesmo sentido para mim.
Pensem comigo:
Quando sao ricos tem roupas mais coloridas, mais vistosas, mais coloridas....
Quanto mais ricos sao maiores e melhores sao os carros...
Telefones melhores.... relogios melhores....ferias melhores...
Casas melhores...
Mas...... ja viram as comidas?
Eu detesto comida de rico... sao mariquices... pratos com tres graos de arroz, um feijao verde, duas folhas de alface, uma rodela de limao e duas ervilhas. Preco: 7500 meticais. Pumba! Paga e cala... e nem podes perguntar nada com risco de parecer ridiculo. Mas se perguntares vao te explicar que a ervilha foi plantada no palacio do rei de espanha, plantado pelo neto do rei... que o limao vem do egipto do jardim das piramides e que as alfaces vem do quintal da casa branca.

E outra coisa que hao de reparar... comida de ricos nunca tem pai. Sao sempre comidas orfas. Foram esses ricos malucos que inventaram essas modas de vegetarianos e o caracas.
Eu, se fosse rico, iria fazer o oposto, comer as coisas mais malucas: carne de dinossauro, carne de dragao. Bife daqueles bichos do avatar. Se me dissessem que nao existem eu dizia: esta aqui $. Inventa.
Eu ate haveria de desenhar um animal que eu gostasse de comer e dizer aos cientistas para criarem aquele animal e iria contratar uma equipa de cozinheiros para verem a melhor forma de o comer. Isso sim, seria dinheiro bem aplicado.

Bronzeados

Viram as ultimas declaracoes do Silvio Berlusconi, primeiro ministro italiano, em que disse que Obama era “jovem, bem parecido e bronzeado”? hum... sou so eu, ou ha mais alguem que esta a ver qualquer coisa que nao bate certo aqui?
Bronze nao eh um escurecimento da pele provocado pela exposicao a luz? Sera que Berlusconi descobriu uma nova raca? Os bronzeados? A ciencia esteve equivocada todo este tempo, sera possivel?

Mas bem, Obama nem eh bem negro. Ele eh mulato. Sera que Berlusconi queria chamar os negros de bronzeados ou os mulatos? Isto eh muito importante para mim como homem negro. Tenho que me posicionar. A minha propria identidade esta em jogo. Muda tudo. Sabem porque? Toda a gente sabe que o bronze eh conquistado. Adquire-se com a tal exposicao a luz e desaparece com falta da mesma exposicao... sera que a minha cor de pele vai ficar branca se for para a Finlandia? Meu Deus, seremos todos bronzeados?

Mas esperem... ja pensaram numa coisa? No mundo ocidental estao muito na moda os solarios, os bronzeadores... os berlusconis nao sao os tais que tem cor de camarao frito? Nao sao eles que se deitam ao sol horas a fio, virando-se como frangos na grelha a procura da tal cor bronzeada? E nao sao os berlusconis que vao aos solarios, pagando balurdios de dinheiro para ficarem deitados numa caixa com luz que queima a pele? Hum...entao os berlusconis querem ser bronzeados como nos. Ah, a grande verdade comeca a aparecer, finalmente!

O Balao voador

Ainda nos EUA...vi um directo na CNN emocionante. Todo o mundo estava preso ao ecra porque nos EUA foi dado um alerta. Uma familia tinha dado o alerta sobre o desaparecimento do seu filho de 6 anos num balao de ar quente. Sabem, aqueles onde se pode passear pelos ceus... enfim, a familia tinha um balao desses em casa e parece que depois de ter sido ralhado pelo pai o miudo tinha desaparecido ao mesmo tempo que o balao comecou a voar. Imaginam o panico? Eh uma coisa fascinante dos dias de hoje, esse fenomeno da globalizacao. Os pais deram o alerta e policia, bombeiros e televisoes seguiam o balao. Carros, ambulancias, helicopteros... era o panico instalado... chamaram especialistas para tentar calcular quando e onde o balao iria aterrar...
Bem, 100 km e duas horas depois o balao aterrou. A policia aproxima-se... os bombeiros tambem e... encontraram o balao vazio. Nao havia nada...ninguem...nem sinal do tal miudo. Pensaram no pior: o miudo deve ter caido logo no inicio da viagem, antes de policia e bombeiros comecarem a perseguir o balao.
A familia ja preparava o luto. Choravam... avos, tios, pais, vizinhos... de repente o miudo aparece a caminho da casa de banho e vai fazer o seu chichi com a maior tranquilidade do mundo. Estava no sotao da casa, com medo que o pai zangasse mais, escondido numa caixa... estao a ver bem o que eh isto? Puseram todo o mundo suspenso e o miudo em casa? Nao eh de loucos? Acho que deviamos todos pedir uma indemnizao por danos morais e perda de tempo e desperdicio de lagrimas aos pais do miudo.

ATM’s

Voces sabem o que distingue, de verdade, homens e animais?
Eh que os animais recusam dinheiro.

Eu quero falar vos hoje de ATM’s. Eu acho que a pessoa que inventou as ATM queria gozar connosco. Sabem que todas as ATM tem uma camara de filmar nao sabem? Ja alguma vez pararam para imaginar as imagens que devem aparecer ali?

Outra coisa que eu ja reparei eh que as ATM sao como aquelas cenas que as capoeiras tem para alimentar galinhas ou as gaiolas tem para alimentar ratinhos. Quando eles sabem que vem comida ficam ali de olhos esbugalhados a espera. As pessoas quando estao em frente a ATM e ouvem aquele barulho da maquina a contar o dinheiro devem fazer uma cara parecida... eh triste como uns pedacinhos de papel nos deixam tao parvinhos...

Eu nao gosto de ATM mas tenho que usar, admito. O dinheiro tem em mim o mesmo efeito que sexo extra conjugal. Sei que nao presta mas nao da para resistir muito tempo. O que eu acho eh que as ATM deviam ser como aquelas camaras de revelacao de fotos. Salas escuras e isoladas... silenciosas... com vidros fumados que so se veem de dentro para fora. Se soubessem o panico que eu sinto quando vou a uma ATM e sei que vou levantar $... xiii... quase me borro nas calcas so de imaginar que posso ter alguem a controlar meus movimentos.
Depois tento virar com cara de quem nao leva dinheiro no bolso... nunca sei se eh melhor guardar o dinheiro logo no bolso ou virar primeiro e depois mais a frente guardar... cada um tem seu truque para tentar ser discreto e nenhum resulta. Pior agora nestas maquinas barulhentas que inventaram. Vais a tirar dinheiro e parece que ganhaste a lotaria. Eh impossivel ser discreto com aquela merda. A porra da maquina faz um UAAAAAAAAAAAAA quando esta a sacar $. Podem ser uns meros 100 meticais que aquela treta canta para todos saberem que estas a tirar dinheiro.
Eu sou a favor de ATM’s 100% silenciosas. Mas, pelo amor de Deus, se tem que fazer barulho e chamar a atencao, que o facam ao contrario... se estou a tirar 100 ou 200 tudo bem, pode fazer muito barulho... se vier algum gatuno eu nem teri problema em mostrar os trocos. Mas se estou a tirar de 1000 para cima a porra da maquina nem devia piar... um gajo quer sair dali o mais discreto que puder.
E ja viram como ha maquinas mais populares que outras? Serio... ja pensaram nisso? Ha maquinas que impoem respeito. Quem tem coragem de ir as 3 da manha a uma ATM sonora na Av. Angola? Ou naquela zona do Luso aqui em baixo? Eh preciso ter tomates... agora, uma maquina ali no hospital central com policia ali ao lado eh um show. Um gajo ate sai a abanar as notas, tipo leque. Folgado e relaxado...
Mas eu volto ao inicio... acho que controlador de camara de ATM deve ser uma profissao nice...um gajo nao tem que estar propriamente vestido a rigor porque ninguem ve o vigilante. Um gajo pode estar folgado a comer umas castanhas e a beber uma 2M fresquinha enquanto tem uma barba por fazer e uma camisa com buraquinhos para respirar.

Mas tem uma outra profissao que eu adoro. Sabem qual eh? Provador do Presidente da Republica. Sabiam que tem uma pessoa cujo trabalho eh provar as coisas antes do presidente?
Eh assim... temos uma saida para um almoco em alguma embaixada. Esse provador vai antes.. chega no sitio... senta na cadeira... ve se a almofada deixa o rabo suficientemente confortavel... depois ve se o AC esta muito frio ou bom... se ha algo que nao esta bem... se precisa almofada na cadeira...
Depois quando o PR chega tem que provar as bebidas antes... um porco deste vinho...um gole daquela cerveja...um trago deste whisky... temos que caprichar porque nunca sabes o que o PR pode querer na altura... melhor prevenir... mesma cena nos pratos....tem q se fazer o sacrificio de provar aquelas delicias...
Se formos a um spa fazer massagens, primeiro tem que aplicar aqueles cremes no provador para ver se nada de mau acontece... enfim....profissao exigente ja viram? Hehe so vejo inconveniente se fores provador dum pais tipo Irao ou Cuba por exemplo. Ai devem ser profissoes de alto risco e curta duracao...
Mas aqui, come on... Dlakhama vai fazer o que mesmo? No fundo sao bradas... ou Guebas vai eliminar Dlakhama de verdade? Nada... o que vier pode vir a ser concorrencia a serio... melhor manter aquele que ja se sabe que nao passa dali...

A minha Pilinha

Ola meus amigos! E bom, de facto, estar de volta aos palcos de ImproRiso. Confesso que estava com algumas saudades de estar aqui. Talvez porque seja a unica altura da minha vida em que consigo ter vinte mulheres a olhar para mim ao mesmo tempo... uma experiencia unica, deviam experimentar!

Mas o tema que vos trago hoje, na verdade nao deve ser do interesse de muita gente, mas eh um assunto que me diz muito. Trata-se de uma inquietacao muito pessoal e que vou partilhar convosco porque me sinto em casa aqui neste palco. Alias, estou tao em casa, tao a vontade que o proximo passo sera comecar a actuar de pijama.

Mas, como dizia, eu quero falar-vos de uma parte do meu corpo. Aquela parte mesmo que estao a pensar e que ela esta a olhar ha dois minutos... isso mesmo, vou falar da minha pilinha. Pilinha, palhinha, gaita, mangueira, bagulho, canivete, x-acto, bichinho, catana, salsicha, chourico, verga, mastro... sao todos nomes para a mesma coisa. Ja tive uma namorada que gostava de se referir a ele como um diminuitivo do meu nome: Mabombinho... ao fim de um tempo ja era so Bombinho. Escusado sera dizer que com esse nome tao ridiculo ele nao funcionava tao bem. Sabem como eh, a pressao era demasiada. Eu gosto mais de pilinha, ate porque foi a forma como ele me foi apresentado pelos meus pais.
A mim irritam-me os mitos que rodeiam as nossas pilinhas. Irritam-me e inibem-me. Aposto que os homens aqui presentes sabem do que estou a falar. Eu tenho duas coisas que me tornam num alvo muito facil para esses mitos: sou alto e sou negro.
Primeiro, sendo alto, ha mulheres, saiba-se la porque, que acham que a pilinha cresce em funcao da altura da pessoa. Nao. Nao e nao. Deus foi justo e nao quis embaracar homens baixos como o Felix ou como o Carlos. As nossas pilinhas nao se desenvolvem acompanhando a nossa altura. Que fique claro isto para todos! Sendo alto tenho muitas mulheres que vem ter comigo. Tem expectativas... fantasias...e elas caem por terra na hora H. Olham e dizem: “Oh, afinal eh normal?!” e eu la fico... frustrado por ser normal. Nao faz sentido. Alias, com a frustracao ate acabo ficando anao... eh embaracoso.
Por outro lado, sendo negro surge a mesma coisa. Ha brancas que vem ter comigo em busca de uma regua de 50 centimetros que nao encontram e la vem a mesma coisa “Oh, afinal eh normal?!”. Para mim, a culpa eh da industria porno sabem? Criaram estes homens negros de pilinhas deformadas que mal se conseguem levantar discretamente e fizeram deles um padrao que nao existe. Eh verdade, todas as mulheres aqui sabem que eh verdade. As nossas pilinhas sao normais. Com dias bons e outros melhores. Maratonistas as vezes e outras corredores de cem metros em quinze segundos. mas, acima de tudo, normais. As nossas pilinhas sao simples e humildes mineiros carecas que usam bata e la vao, sem iluminacao, numa viagem apertada e sem direccao para as quentes minas do centro do pais. Nao eh facil nao, acreditem. Por isso que no fim de cada viagem elas acabam vomitando.
Ser negro faz com que tenha uma pilinha maior que uma pilinha de um homem chines ou mesmo de um homem branco. Mas isso eh normal. Eh como a diferenca de cor ou de cabelo. Mas nao, nao trazemos comboios dentro das calcas.
Estou cansado destas situacoes, sabem? Parece que ser normal eh mau? Faz sentido?

E outra coisa, ficam ja a saber que essas pilinhas grandes sao muito desagradaveis. Para o dono e para a dona. Uma vez conheci um amigo que tinha um desses mineiros gigantes... (pausa)...sei porque andavamos no mesmo ginasio, so para que fique claro! Mas como dizia, ele queixava-se muito. Assustava e provocava dor nas mulheres e ele nao conseguia ter o prazer que esperava. Eh como as mulheres com peitos gigantes. Como sofrem... heich! Dores nas costas, desconforto... eu sei que nao eh facil. Essas admiracoes que temos por tamanhos gigantes eh resultado de nunca os termos provado, acreditem.

Por isso, minhas senhoras, contentem-se com um mineiro tranquilo, pacifico e normal. Desde que seja um trabalhador aplicado nao se queixem tanto. Apreciem a beleza da normalidade... a minha pilinha agradece!

Sunday, July 11, 2010




Lebron James- The Decision

“ Modestamente, a televisão não é culpavel de nada. É um espelhoem que todos olhamos, e ao olharmos nos refletimos...”. Martin Heidegger

Para o bem e para o mal, os Estados Unidos da América são um país especial. Só ali se pode elevar à dimensão de telenovela-reality show a decisão de Lebron James relativa ao seu novo clube.
Tão convencido estava eu que, em mês de Mundial nada mais iria assumir dimensão idêntica e lá vem uma invenção americana sacudir as minhas supostas certezas!
O suspense criado... a forma como foi gerida esta novela... a forma como conseguiram evitar qualquer fuga de informação... um verdadeiro case study. Um free agent que agitou o mundo dos amantes do basket da NBA com uma decisão tão individual que cada um de nós a sentiu como sua- de forma apaixonada.
Lebron James estava nos Cleveland Cavalliers desde que saiu da formação, há sete anos. Uma equipa na qual cresceu e que fez crescer. 60 vitórias na última temporada regular (apenas o melhor registo de todo o campeonato!), MVP pelo segundo ano consecutivo da temporada regular... e mais uma vez falharam o título. Ficou no ar a sensação de que teria que ser este o ano do título... ou nunca mais... e parece que vai prevalecer a segunda hipótese.
Dizem que a esperança é a última a morrer... mas quando morre é mais difícil ainda voltar.

Lebron soube, no dia em que foi eliminado, que não mais iria ganhar o título em Cleveland. Desde esse dia o seu futuro passaria por sair.
E o mercado de free agents estava particularmente atractivo este ano. Nomes como os de Kobie Bryant, Dwayne Wade, Lebron James, Dirk Nowitzki ou Bosh deixariam qualquer equipa de cabeça perdida, e, pouco a pouco, cada um foi organizando a sua vida, de forma relativamente discreta. Menos Lebron.

Começaram a surgir as propostas, cada uma com o seu atractivo:
New York Knicks- um mundo de infinitas possibilidades publicitárias, por estar em Nova Iorque, a “cidade que nunca dorme”. Desportivamente uma equipa sem grandes recursos no que diz respeito a uma luta realística pelo título.
Chicago Bulls- uma equipa jovem e talentosa. Promissora. Possibilidade de ser líder no anfiteatro do fantasma sagrado de Michael Jordan.
Cleveland Cavalliers- Berço. Ligação afectiva e dívida à promessa feita de não sair sem o título de campeão. Escolha entre continuar a ser amado ou passar a ser odiado. De ambas as formas eterno.
Miami Heat- Praia. Mercado atractivo a nível publicitário. Possibilidade de constituir uma das melhores duplas de sempre, junto a Dwayne Wade. Mas... menores possibilidades salariais no clube pela presença de Wade (de recordar que a NBA impõe tectos salariais).

Cenário montado. Um programa montado para o anúncio em directo. Autêntica novela publicitária. É a máquina mediática em movimento.

o mundo mudou. Pelo menos o desportivo. Mas já nada fica limitado a uma só área. As nossas sociedades são têm cada vez menos fronteiras. Tudo pode ser interligado pelo hífen do conhecimento (e dos média); pscicologica-social-economica-geográfica-desportiva-cultural-fisiologica-antropologica-cientifica-... MENTE...
Fascinou-me a vertente de marketing envolvida em tudo isto... é incrível como uma decisão pode mover um mundo. Vi-me acordado às 3h da manhã, na minha cama em Pemba, Moçambique com olhos sonolentos e atentos na CNN no Larry King Live show à espera do momento. Já não se tratava de Estados Unidos da América. Tratava-se de quem estar ligado à rede da informação que circulava. Eu estava tão conectado como um cidadão do Quénia ou uma criança do Paquistão que pudesse estar a ver o mesmo programa. A dimensão dos ícones de hoje é maior do que aquilo que possamos compreender. Só mais tarde se olhará para estes episódios com a verdadeira noção do seu peso simbólico.
Lebron James prendeu-me naquela decisão... cada um tinha o seu palpite. Sou cidadão do mundo, não mais porque visito o mundo, mas porque penso nele e me ligo a ele. Pela internet, pela televisão, por uma sms...

Miami Heat foi a decisão. Mais do que surpreendente foi excitante e gerou um entusiasmo imediato. Aquele anúncio converteu virtualmente Miami no principal candidato a roubar o título aos L.A. Lakers.
E o argumento apresentado, para além de correcto, foi coerente: vontade de ganhar. Juntando-se a Wade e Bosh, Lebron reconhece que teria de mudar de filosofia. Em vez de ser o heroi solitário e motor quase-único da equipa que teria de ser em Cleveland, Knicks ou Bulls (em menor escala) percebeu que aliando-se aos melhores poderia ser melhor. Faz sentido. Com com títulos no currículo engrandece a sua lenda. Em vez de um grande jogador poderá ser um grande campeão.
Na verdade, e do ponto de vista de marketing, que no fundo foi disso que se tratou- uma campanha publicitária- a decisão nunca poderia passar por permanecer em Cleveland. Se Lebron fosse renovar não faria sentido submeter os seus adeptos a toda a ansiedade e tortura de esperar a decisão no último minuto. Quem renova fá-lo discretamente, como Bryant ou Wade fizeram. Montar-se todo aquele aparato para anunciar que iria seguir na mesma equipa não faria sentido em termos publicitários. Uma campanha em grande preparava um anúncio de algo grande- uma equipa destinada a ser imortal.

Mas nem sempre os destinos se concretizam...

Carlos Osvaldo
Julho de 2010
Fama Vs Pornografia?

Caro Paulo Brabo,

Gostaria de começar este texto por elogiar o teu acto de coragem de assumires a paternidade do teu texto intitulado “Fama Vs Pornografia”. A internet é um veículo particularmente útil para difundir as nossas mensagens e muito conveniente para quem se quer refugiar no anonimato quando se expõe ou aborda temas polémicos. Por isso, Kudos para ti!

Outra coisa, e bem diferente, é concordar com as ideias expressadas por ti. O que não lhe retira interesse, bem pelo contrário. Não concordando com algumas das ideias expressas, achei que poderia ser igualmente interessante para ti ler a opinião de quem vê as coisas por um prisma diferente.

Começarei, pois, por clarificar que eu irei adoptar uma visão essencialmente intelectual do tema levantado. Quando leio que “a fama é o pecado....” sinto-me colocado contra a parede, pressionado por uma óptica religiosamente sufocante. A origem do pecado, como poderás investigar, é de natureza religiosa e tem muito que se lhe diga...

Para mim, o teu texto tem quatro temas pertinentes, interligados entre si. A saber:

Fama;
Pornografia;
Pecado;
Michael Jackson.

A ideia de pecado foi criada com sentido punitivo e censurador. É uma ideia carregada de valores morais e subjectivos. Não revejo a fama nestes parâmetros, muito sinceramente. Para mim, a fama é, como Jay Z definiu “a droga mais doce conhecida pelo Homem. Mais forte que heroína, que te faz olhar para o espelho perguntando ”. Para mim, fama é uma ilusão... um espelho de imagens distorcidas nos dois sentidos; do ídolo e do fã. Cria uma sensação de familiaridade que não existe e aproxima-os de uma forma irreal.

Pornografia... como seria fácil falar mal da pornografia! Tão fácil que não seria, de todo, estimulante. A pornografia surge como resposta às repressões que as sociedades modernas criaram. Foi a privacidade, associada ao individualismo quem deu origem a manifestações (sociais?) como a pornografia. Toda a civilização necessita de cultura para fazer sentido. E a civilização, como Freud bem disse, surgiu quando o Homem deixou de urinar em cima da fogueira e passou a fazê-lo dentro de casa. Antes tudo era visível. Eu via-te. Tu vias-me. A comer, a dormir, a olhar, a pensar, a chorar... e nas relações sexuais. Não havia o “eu” como motor da sociedade. Era um “eu” colectivo, no sentido de tribo X ou tribo Y.
Quando a tribo se subdivide em pequenos núcleos; as famílias, surge a diferença dentro de cada casa. As novas fronteiras (as paredes e os muros) aguçaram a curiosidade. “O que farão eles?” ou “como farão eles?”... essas as perguntas que passaram a assaltar as mentes. É neste contexto que a pornografia se torna uma inevitabilidade em resposta à curiosidade pelo que é alheio, agravada pelo facto de a ideia de pecado se ter misturado pelo meio. Se o que não vemos já desperta curiosidade, quando se mete o proibido pelo meio fica ainda mais perigosamente apetecível.

Michael Jackson é um artista. É, não foi. É porque ganhou o direito à imortalidade. Um espírito iluminado que não soube (ou não quis!) separar a vida da arte. Todo ele viveu a sua criação artística, o que tende a ser destrutivo. Tudo o que foge à “normalidade” ditada pela sociedade tende a ser afastado. E a normalidade é um conceito associado à prática da maioria.

Não posso, contudo, aceitar que nos seja imputada a responsabilidade do seu fim (físico)... não! Não fui eu, nem tu... nem qualquer dos seus fãs legítimos quem o conduziu a esse destino. Não foi o nosso amor que o levou a perder-se.

Como disse Paulo Coelho, “no amor, ninguém pode magoar ninguém; cada um de nós é responsável por aquilo que sente, e não podemos culpar o outro por isso.”

Obrigado por me teres dado um pretexto para escrever!

Saudações literárias,

Carlos Osvaldo
01/07/2010

carlososvaldo86@hotmail.com

Saturday, January 30, 2010

O AMANHECER

O sol acorda, ensonado e já cansado,
Ao som dos bichos que ditam o pulsar da cidade.
Espalha os seus raios para dar vida
E abre os olhos para ver o mundo lá do alto.

A criança, de pele negra e cabelo encarapinhado
Acorda pela voz incómoda da mãe
Abraça a avó para beber ensinamento
E toma chá para aquecer a alma em formação.

Os silêncios das suas manhãs são preenchidos
Pelas canções cantadas pelas vendedoras e empregadas que circulam
Pelas ruas animadas de calor e cheiros de frutas, de vida, de animais..
A criança coça a cabeça, sentindo que tem que a organizar para beber sabedoria.

Quando acaba o matabicho muda de roupa.
Veste o uniforme gasto de se fingir novo.
Põe a mochila carregada às costas
E despede-se com beijos da família e com um assobio cintilante.

A caminho da escola, pela estrada de todos os dias
A criança vê tudo como se fosse a primeira vez.
As caras das pessoas, os sons da cidade. Os carros que passam ruidosos..
Toda a cidade se renova a cada dia da sua vida.

O sol abraça todo o corpo da criança. Protege-a e engrandece-a.
A escola não fica longe. Tudo é perto para quem sonha.
As outras crianças, suas colegas, amigas, irmãos e irmãs
Já lá estão aos saltos, em correrias e gritarias libertadoras.

A criança junta-se ao festival da Infância.
Banhadas pelo sol africano, as crianças aprendem a ser homens.
As aulas começam numa sala cansada de adiar a reforma.
A professora entra. De bata que já foi branca e óculos no rosto.

Os seus olhos já não vêem. Já não ouve nem fala. Sente apenas.
É uma velha feiticeira, pois todos os dias faz milagres
Nas mentes das crianças africanas.
Passa-lhes toda A Vida através de contos e estórias.

Naquela sala todos estão presentes.
Mortos e vivos reencontram-se num tempo perdido da História.
De uma janela o sol espreita. Da outra uma mangueira escuta a lição.
A criança bebe as palavras da professora...

À noitinha, depois de brincar, de transpirar,
De correr, saltar e libertar das suas prisões
Os xipocos que se entretêm a ver brincar as crianças,
A criança toma um banho de água fria num tanque feito nave de sonhos.

Na cama, antes de dormir, sonha antes de sono chegar.
Sabe que vai ser um grande homem. Mais que homem vai ser Homem.
Vai casar, ser pai. Será como os velhos são.
Conduzirá a sua cidade e o seu país à vitória.

A professora disse que viver em liberdade não implica ser Livre.
Quer viver essa Liberdade. Saber o que o mundo encerra
Por detrás do coração da vida.
Os seus antepassados acolhem-no para mais uma noite de crescimento
Na eternidade da juventude....

Este poema foi escrito num enquadramento do tema “Ser africano” sugerido por Alexandre Gil. Como forma de finalizar a minha reflexão sobre a africanidade, gostaria de deixar uma frase que pensei que fosse ser o motor deste meu trabalho.

Do ponto de vista populacional, a Ásia é o continente mais determinante. A América é crucial do ponto de vista financeiro. A intelectualidade mantém-se intimamente ligada à Europa, e África alimenta o planeta do ponto de vista emocional.
O RACISMO

Li, em “A metafísica do Amor”, de Schopenhauer uma interessante teoria. O autor defendia que todo o homem branco é um homem falho de cor. E explicava, em seguida, o seu ponto de vista: argumentava que o ser humano é originário de África (creio haver, hoje em dia provas científicas de que esta assunção é verdadeira) e, por conseguinte, a raça negra é a “raça-mãe” da humanidade. Com as deslocações nómadas, o Homem foi descobrindo novas terras; novos mundos, com diferentes aspectos geográficos, quer em termos de fauna ou flora, assim como diferentes condições climatéricas. Em geral, as deslocações eram feitas no sentido Norte onde o clima tende a ser mais frio, com dias mais curtos.
O corpo humano tem extraordinárias capacidades de adaptação a diferentes condições externas. Assim, começaram a surgir “novos Homens”, com cabelo diferente, pele e olhos mais claros e com outras características diferentes e específicas a cada nova raça. Desde o Homem negro da África sub-sahariana, foram surgindo os Homens do norte de África, com tez mais clara, cabelo e traços mais finos. Em seguida, veio o Homem do Médio-Oriente, com ligeiras semelhanças físicas aos do norte de África. Surgem depois os Homens do Extremo-Oriente, com os traços que designamos usualmente como asiáticos, os Homens europeus, os Índios. Os ciganos são, segundo Schopenhauer, uma raça que surgiu mais recentemente, das viagens dos homens do Médio-Oriente para a Europa, apresentando-se, de certa forma, com características intermédias às duas raças anteriores. Interessante, esta análise à evolução do ser humano, enquanto raça. Mas, mais importante ainda, é que deixa claro que há apenas uma raça no ser humano: a Humanidade. Tudo o mais são ligeiras transformações; são reacções do nosso organismo que ao longo dos tempos forma dando origem a diferenças, primeiro superficiais e ligeiras e mais tarde cada vez mais profundas e visíveis a que chamamos, como forma de diferenciação, de raças. É como a evolução que se verifica num a família. Os filhos vão nascendo, sempre ligados por laços biológicos e físicos aos seus ascendentes, mas com diferenças resultantes da mistura de que foram resultado. São sempre fruto de uma combinação entre dois canais genéticos distintos. São diferentes, mas sempre iguais a ambos. Nem melhores, nem superiores; apenas diferentes.
Descendemos todos do mesmo ramo; temos todos a mesma origem. De forma mais ou menos directa, viemos todos do mesmo. Há um laço comum que nos une e que faz de nós uma família biológica.
Utilizar estas diferenças como elemento justificador de qualquer forma de tratamento entre as diferenças rácicas é de uma profunda ignorância. E, mesmo assim, quem pode dizer, de forma absoluta e convicta que não é racista? É incrível a capacidade que o Homem tem para cometer erros, mesmo quando tem consciência da sua presença e existência. Somos conduzidos pelo nosso lado animal e o mais que podemos fazer é ter a consciência disso. Alterá-lo é de uma dificuldade extrema. No máximo podemos conhecer-nos e compreendermo-nos. Mudar quem somos é, na prática, tarefa quase impossível. Não teremos uma identificação racial incrustada em nós? Quer seja através da educação, da socialização a que estamos sujeitos ou através de outros factores externos, não estaremos sempre ligados aos que são mais parecidos connosco? E não será isto tão natural como beber água, respirar ou procurar procriar?
Como evitar, então, que este aspecto se torne nocivo?
Haverá algum meio de evitar que os nossos olhos vejam cores e diferenças entre nós e fazê-los ver apenas o interior, onde somos iguais?
Não creio. Mas também, duvido que tal fosse positivo. Negar as nossas diferenças seria apenas uma forma de as fomentar. De as amplificar e fomentar os seus malefícios.
Só através de uma educação para a pluralidade podemos ultrapassar o medo que todos temos a tudo quanto é diferente. Só a cultura poderá libertar as nossas mentes do mundo de preconceitos em que vivem subjugadas.
“Ser culto é a única forma de ser livre.”
Se soubermos aceitar o diferente como próximo e não distante enriqueceremos grandiosamente, enquanto espécie. Aceitamos com facilidade as diferenças de sexo, de alturas, de peso, de olhos..por que será tão difícil impedir que as diferenças de cor se constituam como problema?
Quem sabe se um dia não poderemos aprender a conviver de uma forma mais rica e plena. Nesse momento (não muito distante, espero) poderemos, enfim compreender que a variedade é o sal da vida. Que a pluralidade é uma forma de riqueza e grandeza. Que ser diferente é bom. Original.
Mia Couto colocou num dos diálogos de um dos seus livros, “Terra Sonâmbula”, se não me engano, algo como isto:
“- Eu não gosto de preto?
- De monhés, então?
- Também não.
- De brancos?
- Não!
- Então?!
- Eu gosto de pessoas que não têm raça.”
Não sei precisar com exactidão se era desta forma que decorria a animada conversa entre dois amigos, mas a ideia era esta. Que as pessoas de quem se deve gostar mais são as pessoas sem raça. Dito de outra forma, as pessoas que têm todas as raças. Não se mutilam nesta ou naquela raça. Incorporam-se na mais importante de todas: a Humanidade.
O intervalo do cinema

Estamos habituados a pensar, escrever, falar e centrar as nossas atenções sobre o princípio e o fim das várias situações das nossas vidas. Sempre debruçámos as nossas opiniões sobre esses dois extremos. O princípio de um livro; o final de um filme; o princípio de uma música; o fim de uma peça de teatro. Estes são alguns exemplos de princípios e finais muito comentados. Mas há outros: o princípio de uma vida; o final de uma história de amor..
A lista é interminável. A verdade é que, na verdade, o fim e o princípio sempre foram os principais protagonistas. O espaço que fica entre um e outro sempre foi um espaço perdido; esquecido e pouco valorizado. Este texto pretende ser um elogio ao intervalo; uma ode ao que medeia. Falarei essencialmente sobre um tipo de intervalo específico: o intervalo do cinema.

Em tudo se torna mais fácil identificar o princípio e o fim do que propriamente o intervalo ou o meio dessa mesma coisa. Só os extremos são definidos, concretos, imutáveis e objectivos. O espaço interior é amplo, subjectivo, quase me apetece dizer infinito. Mas, na verdade, tudo o que é realmente importante, o que é feito por nós, ou que nos acontece, acontece, justamente no que está entre o princípio e o fim. É aí que se desenrola a vida. É aí que se constróem as estórias e é aí que estamos, todos nós, a construir a História.
A nossa vida é o que fazemos entre o nascimento e a morte. Isto é, entre o princípio e o fim.

Pensava para comigo mesmo, outro dia, que tudo o que é bom na vida tem intervalos. Por mais pequenos (ora, que raios! Por que carga de água se pode dizer «mais pequeno» e não se pode dizer «mais grande»? Num caso, a existência da palavra «menor» não invalida o emprego correcto da expressão «mais pequeno», mas a existência de «maior» já invalida que se diga «mais grande». Haverá alguma explicação para este curioso fenómeno da língua portuguesa? A dúvida irá permanecer..) que sejam, às vezes quase imperceptíveis, todos os bons momentos e todas as boas sensações que vivemos têm pequenos intervalos.

Cada vez me convenço mais de que a primeira vez é realmente única. Em tudo. A primeira vez que fazemos algo ou que experimentamos algo irá certamente condicionar as restantes vezes que se seguirão. Se for positiva, quereremos que as próximas vezes se assemelhem àquela bela primeira vez. Se for negativa tentaremos que não se repita. Quer num caso quer no outro, estaremos sempre a pensar na primeira vez. A tomá-la como referência. Num caso positiva, no outro negativa. Mas sempre como referência. E é isso que lhe confere uma importância tão grande.

Lembro que a primeira vez que fui ao cinema o filme tinha intervalo. Não me lembro em que cinema foi, nem com quem fui, nem que filme fui ver, mas sei que tinha intervalo. Foi nesse dia que passei a conhecer um novo mundo: o do cinema. Uma viagem diferente, que nos proporciona uma abstracção extraordinária e incomparável. Abençoados sejam os irmãos Lumière! Já compararam a sensação de assistir ao mesmo filme no cinema e na televisão? Tanta diferença! E porquê? Muito simplesmente porque o cinema envolve muito mais que o mero visionamento da película. O próprio ambiente do cinema é mágico. Mesmo que se tenha uma grande sistema de som em casa e apaguemos as luzes e aumentemos consideravelmente o volume, de modo a recriar o cinema em nossa casa, não se consegue trazer o cinema para a nossa casa.
Mas, voltando ao que dizia anteriormente, quando saí do cinema, nesse dia, no meu imaginário sobre o cinema, havia os seguintes aspectos: o volume elevado, a escuridão, as cadeiras individuais, o ecrã enorme e o intervalo. Se alguém me perguntasse como era o cinema, decerto haveria de referir o intervalo como uma das suas componentes. E desde esse dia que assumi que o intervalo faz parte do filme, quando visto no cinema.

Já assisti, depois disso, a inúmeros filmes no cinema. Uns com intervalo, outros sem. Mas sinto sempre uma ligeira estranheza quando não há intervalo. Como se fosse sobrecarregado com demasiada informação sem tempo para respirar, para digerir e saborear a informação. O intervalo do cinema é terapêutico, ao contrário do intervalo da televisão, que é aborrecido.
No cinema, essa pausa é bem vinda. É o momento de parar. Parar para pensar, se for necessário, ou para parar de pensar, se for necessário. Serve para irmos ao wc..para comermos algo, para bebermos algo..mas sempre com o filme como pano de fundo. Nunca nos desconectamos por completo do filme. Mesmo quando saímos da sala, conversando, ou não, com alguém, o filme está sempre presente. Adormecido; pausado, mas nunca esquecido.
Quando optamos por permanecer na sala, a sensação é ainda mais forte. Vivi os mais belos intervalos de cinema da minha vida no Cinema Quarteto, em Lisboa. A sala antiga..a música cinematográfica..tudo, todo o ambiente faz com que o intervalo seja um complemento do filme. Por vezes, quando o filme é mau, chega a ser mesmo o melhor momento do filme.
E é incrível como o intervalo do cinema parece ter sempre a duração certa. Não fico com a sensação de ter sido muito curto ou muito comprido. Parece sempre bem medido.
Se estamos a ver um bom filme, o intervalo dá-nos os momentos para nos deliciarmos com o prato que nos está a ser servido. Lembramos os melhores momentos do filme e digerimo-los de uma forma saudável; com tempo e vontade. Sem pressas desnecessárias. E quando soa a badalada que anuncia o recomeço do filme, voltamos a concentrar-nos de forma plena no mesmo. Com esperança de que a segunda parte seja, pelo menos, tão boa quanto a primeira.
Se o filme for mau, o intervalo surge como salvação. Como fonte de esperança. Procuramos pensar em algo que nos distraia do mau filme a que estamos a assistir e lançamos preces silenciosas para que a segunda parte seja, então, positiva.
Há, ainda, a possibilidade de estarmos acompanhados. É curioso como as pessoas sentem uma necessidade de ir ao cinema acompanhadas. Há quase um pavor a ir até à sala de cinema sozinhos. Não sei se é por receio do que poderão pensar de si, ou se é por temor que as vejam como criaturas solitárias. A verdade é que assistir a um filme, no cinema não permite grandes conversas. São, diria até, totalmente desaconselháveis. Incomodam os vizinhos e retiram-nos a atenção necessária para uma total compreensão do próprio filme. O intervalo surge, como o momento em que podemos partilhar com o nosso parceiro as nossas opiniões (convergentes ou divergentes) sobre a estória a que se assiste.
Num filme sem intervalos, geralmente em cinemas modernos, e cuja principal intenção é realizar o maior número de sessões diárias, de modo a rentabilizar de forma mais imediata o investimento, os filmes são-nos dados em forma de bloco. Muito conteúdo se perde, e muitas vezes temos vontade de voltar a ver o filme. Não necessariamente pelo facto de o termos adorado, mas por sentirmos que há informação que chegou até nós de forma incompleta. A nossa atenção tem que estar sempre alerta. Não podemos perder nenhum detalhe do filme, pois não há tempo para pensar, para analisar. Temos que receber informação de forma incessante durante, geralmente, mais de noventa minutos.

Um bom intervalo é sempre sinónimo de um bom filme.
O NASCIMENTO

Nascimento. Origem. Princípio.
São estes alguns dos sinónimos que encontrei presentes no dicionário, quando pesquisei, em busca de um começo para este pequeno texto. Julguei que fosse encontrar neles alguma iluminação misteriosa, metafísica e sobrenatural que me inspirasse numa forma de dar o mote para este desafio tão..hum..digamos, no mínimo, interessante. Sucedeu, porém, algo inesperado, aquando da minha pesquisa. Ao ler de forma atenta e cuidadosa a definição de Nascimento, ocorreu-me que, na verdade, quando penso na ideia de Nascimento, outra palavra tão (aparentemente) afastada me surge: Esperança. Pergunto, por isso, haverá melhor sinónimo de Esperança que Nascimento?
Nascer é, nada mais, nada menos, que transpor uma porta simbólica da, e para a, vida. É ser-se novo. É ser-se puro, imaculado. De certa forma, é ser-se livre, também, pois nascemos sempre libertos das correias mentais a que mais tarde nos acabaremos, invariavelmente, por prender, de forma fatal e inconsciente, para que, em certa altura da vida nos tentemos delas libertar, muitas vezes sem sucesso. Só no momento que simboliza a existência somos, e estamos, total e completamente livres. Como uma folha em branco, onde se poderão escrever e criar belas e magicas obras ou, pelo contrario, inúteis e banais palavras iguais a tantas outras.
Penso na ideia de Nascimento como o momento em que o presente se assume como um futuro. Um futuro virgem. Um futuro repleto de sonhos e desejos. Como o silencio que antecede uma bela musica, ou, melhor ainda, como o silencio que segue a uma bela musica.
Nascer é abrir as portas do tempo. Desafiar as leis da previsibilidade. Sermos agentes do Nascimento é sermos deuses. É essa a lição que todos eles nos tentaram dar: dizer-nos, através do seu exemplo, que a criação é a forma de sobrevivência e imortalidade. Seja através de uma criança, de uma obra, de um feito, todo aquele que dá origem a algo, isto é, todo aquele que faz nascer, se imortaliza através do ser ou objecto a que deu origem. Essa é a chave da imortalidade..do segredo para que o tempo cesse de passar como motor das nossas vidas físicas e mentais.
Será, pergunto então, o fazer nascer um gesto de egoísmo ou altruísmo? Procuraremos a nossa própria continuidade através de algo, ou alguém, ou fá-lo-emos de forma a enriquecer e engrandecer o mundo em que vivemos? Talvez um pouco de ambas as coisas, suspeito. Talvez sejamos apenas meros instrumentos do nosso biológico, que nos move irremediável e incontrolavelmente para a procriação, para a continuidade. Só assim pode existir vida.
Aliás, nascer é a própria vida, no fundo. Bem ou mal vivida, só existe vida se existiu antes Nascimento. Haverá, pois, momento mais importante na vida? Parece-me claro que não. Só esse instante em que as nossas mentes são invadidas por sonhos, por projectos, desejos, ambições, imagens projectadas de glorias futuras que apaguem os erros e fracassos de um passado que esperamos sempre inferior ao futuro, ao que aí vem, através do nascer que se nos apresenta. Sim, esse momento é o próprio Nascimento! Não é esta a sensação que nos invade em cada mudança de ano, ou em cada aniversario, ou em cada criança que nasce? Não são esses os momentos em que reflectimos, analisamos e projectamos as nossas vidas de forma diferente? Por que será? Creio que é nesses instantes que sentimos em nós um renascer simbólico. Um recomeço. Uma nova oportunidade para tudo. Corrigir e fazer. Criar e planificar. Renascer é, por definição, “o momento em que se volta a nascer”. Não tendo, por não ser possível, o carácter definitivo do Nascimento, por este ser único, é, porém, um recordar da importância desse momento tão marcante e definidor das nossas vidas. Como um pequeno sinal para que não nos esqueçamos de algo realmente importante. Um aviso à nossa memória emocional.
Disse Sir Isaac Newton: “Na ausência de outras provas, o meu polegar apenas convencer-me-ia da existência de Deus.” Pegando na ideia presente na frase de Sir Newton, dou por mim a pensar para comigo mesmo se haverá maior e mais belo milagre da natureza humana que a imagem de uma mulher grávida? Não será essa a própria imagem de Nascimento? De vida? De perfeição? De atemporalidade (onde passado-presente-futuro se conjugam num só)?
Vintinhas…

A pior coisa que algumas das vintinhas têm é o facto de terem de controlar uma arma muito mais desenvolvida e perigosa do que a sua maturidade geralmente consegue perceber: os seus corpos.
Na verdade isto é muito simples de explicar: a cabeça de uma mulher de vintinha está nos seus primeiros anos de maturidade e em processo de maturação ainda nos seus primeiros passos. Por outro lado, o corpo de uma vintinha está no potencial máximo das suas capacidades.
Ora, isto faz com que o sempre reconhecido precoce desenvolvimento feminino acabe por se tornar tantas vezes numa armadilha para as mesmas.
É um pouco como colocar um recém encartado ao volante de um bólide de Fórmula 1; por melhor que seja a formação a sua aplicação fica sempre colocada em causa pelo desajuste de forças em questão.
Todas as mulheres têm várias vidas e em cada vida têm várias idades. Nos homens tudo é mais lento e apoiado, principalmente a nível mental. Crescemos mais devagar, mas quando as nossas mentes se desenvolvem, os nossos corpos já estão maduros. Geralmente, o encontro entre corpo e mente acontece em nós a partir dos 35 anos. Antes o corpo está sempre atrás da mente e depois vão caminhando mais ou menos juntos.
Nas mulheres é diferente.... de crianças começam a desenvolver-se pelo corpo quando o peito começa a surgir e o período aparece. Depois a mente percebe que tem que dar um salto, e aí é que dão um pulo relativamente aos meninos.
O corpo desenvolve-se mais cedo e atinge a maturidade mais cedo. É pura matemática.! Ou biologia, neste caso. Por isso, as vintinhas são apanhadas numa encruzilhada em que acabam por ter de aprender a lidar com corpos que despertam atenções e desejos com os quais devem aprender a lidar.
As vintinhas acabam sendo engolidas pelo seu próprio encanto. Tantas vezes são mais apreciadas pelos seus corpos que pelas suas habilidades. Mais avaliadas pelo que parecem que pelo que são. Não é fácil! E como homem me solidarizo com elas. Mas é a verdade!
E depois elas acabam ficando fracturadas. As vintinhas acabam ficando perdidas. O feitiço tantas vezes se vira contra as feiticeiras. Ao usarem os seus encantos acabam ficando perdidas em si mesmas. O equilíbrio é difícil de alcançar.
Os efeitos perversos começam a manifestar-se. Quem tinha tudo para estar bem acaba ficando com pequenos sintomas de inquietudes que tomam diversas formas.
Surgem, pois, as variantes de vintinhas; existem as confusas; as misteriosas, escondendo algum terrível segredo; as sufocadas; as que não estão bem consigo mesmas... quem não conhece uma delas?!
Felizmente, a partir dos 25 alguma serenidade acalma os sentidos eléctricos das frescas vintinhas. Entre os 25 e os 35 mente e corpo encontram-se e estabilizam.
Mas a idade das vintinhas é deliciosamente fértil em experiências, dores, sonhos e desilusões. Um prolongamento das incertezas da adolescência vividas num corpo de mulher.
Os piores inimigos do homem

Que o homem sempre viveu em função da mulher todos nós sabemos. Fomos sempre movidos por um desejo de conquista inconsciente e incontrolável. Uma espécie de vontade de servidão muitas vezes mal interpretada. Muitos dos grandes feitos masculinos têm na sua origem uma inspiração (ou aspiração) feminina. Fizeram-se guerras, obras de arte, entre outras actividades demonstradoras da extraordinária capacidade que nós, enquanto espécie humana, temos para fazer as melhores e as piores coisas.
A única diferença entre o macho humano e os restantes machos da natureza animal é a sua inconsciência desta tendência inevitável de serventia masculina face ao feminino. O homem procurou, então, subjugar a mulher de uma forma aparente e exterior, mas creio que, no interior de cada lar, no seio de cada família, a mulher sempre desempenhou um papel nuclear e uma influencia sonegada.
Não tenho por objectivo discursar excessivamente a respeito deste tema. O que me move é outro aspecto. Julgo que já me fiz entender, quanto a esta matéria. Passemos, então, adiante.

O imaginário masculino, nos tempos áureos do romantismo sexual sempre foi preenchido por uma adivinhação; numa altura em que as mulheres se vestiam de formas requintadas, discretas e que tinham por característica o recamar (de forma excessiva, dizemos) o corpo. Ora, com todo e pudor e moral que conduziam as mentalidades da altura, havia uma grande vantagem nas reprimidas vestimentas: deixavam espaço para o mistério. Despertavam a nossa imaginação. Cada parte de corpo visível trazia consigo magia. Tempos em que ver um joelho feminino era valorizado e apreciado.
Nos tempos em que vivemos hoje em dia, em que, como disse Carlos Amaral Dias, “se perdeu o tempo humano”, tudo tem que estar pronto, imediato. Hoje quer-se tudo facilitado. Não temos mais tempo para desvendar, para nos darmos ao trabalho de descobrir.

Daí que Luís Noronha da Costa tenha dito que “hoje em dia não há erotismo, só há pornografia.” A grande diferença entre erotismo e pornografia é que erotismo é uma arte e a pornografia é uma actividade. O erotismo implica mistério, sedução, fantasia, fascínio. Requer tempo, trabalho. É uma arte maravilhosa de noa mostrar tudo; do revelar pouco a pouco. No erotismo, cada descoberta é especial. Cada peça do puzzle que se descobre, que se encaixa, é maravilhosa. O erotismo é a arte em que o pouco vale muito. É a arte do pormenor. A pornografia é a arte da plenitude; o perfeito reflexo dos tempos apressados em que vivemos. No ambiente pornográfico tudo se mostra, até mesmo o que não queremos, ou não precisamos de ver. Não há conversa, não há encantamento, nem música, nem romantismo; não há, em suma, o tão importante tempo. O tempo humano. É como as refeições fast food, enquanto o erotismo envolve e engloba todos os prazeres de uma refeição completa, com entradas, prato principal, um bom vinho a acompanhar, uma deliciosa sobremesa e um digestivo a acompanhar bons e impagáveis momentos de conversa. O erotismo faz referencia ao amor, enquanto a pornografia se fica pelo sexo. No erotismo, o tempo é eterno, na pornografia é efémero.

Esta perda do tempo humano, acrescida de uma das consequências do feminismo deram cabo do amor romântico para instalar em seu lugar o amor prático. O feminismo e o movimento de emancipação das mulheres deram origem à maior transformação ocorrida no século XX: a alteração do papel social feminino. A mulher reivindicou o papel a que há muito estava destinada. Pela primeira vez se assumiu como igual, como par do homem. Houve o reconhecimento tardio da igualdade entre sexos. Mas, e como sucede em todas as “revoluções”, também se cometem excessos. Ao sairmos de um período de pesada repressão, procuramos, ao libertarmo-nos, uma liberdade muitas vezes excessiva. Afastamo-nos do bom-senso; do equilíbrio, da ponderação, para embarcarmos nos malefícios do excesso.
No caso da emancipação feminina, que tanta coisa trouxe de bom e necessário para nos aproximarmos de uma modernidade que tarda em chegar, aponto como malefícios (do ponto de vista do encantamento amoroso) a criação do biquini e da mini-saia. Estas duas criações da indumentária feminina vieram retirar todo o encantamento do enamoramento. Instalaram a prontidão no lugar da imaginação. Quando queríamos sonhar com o que não víamos, passámos, de repente a ver tudo e o espaço do sonho foi diminuindo de forma drástica.
Desapareceu o romance tal qual o conhecíamos; a poesia foi atraiçoada.

Estas manifestações de liberdade extremaram-se a tal ponto que me interrogo se serão uma demonstração de real liberdade ou, ao invés, um claro reflexo de uma mentalidade ainda marcada por traumas do passado, como que acorrentada por algemas intelectuais.
A negação é sempre o princípio da afirmação, assim como “o cepticismo é o princípio da fé” (Oscar Wilde). Quero apenas levantar a questão de: ao agirmos de forma a responder a um ataque de que havíamos sido vítimas, não estaremos, ainda, presos, de certa forma, às consequências da ofensa inicial? Quando estamos a responder a algo estamos sempre presos à pergunta inicial. É um processo muito simples, na verdade.
Ora, quero apenas questionar se o surgimento destes autênticos símbolos da libertação feminina, que pretendem demonstrar que as mulheres que as usam são emancipadas, livres, não serão uma forma de querer demonstrar que ainda estão, de forma inconsciente, presas a um machismo, quiçá, impregnado? Não será sintoma de uma nova forma de escravidão mental? O feminismo extremo não será uma deturpação de tudo o que a essência da revolução feminina apregoava? E não será este feminismo igualmente nocivo e inimigo das mulheres como o machismo que antes combatiam?
Posso levantar ainda a seguinte pergunta: não será uma manifestação de carência? De procura de atenção? De fragilidade? De disfarçar uma profunda insegurança com uma aparente segurança? Não sei. Limito-me a perguntar. Talvez algum dia o saiba ou uma mulher me esclareça. Os meus conhecimentos e capacidades actuais não estão à altura do desafio de responder, e se o fizesse, cairia na precipitação, e poderia vir a cometer ingénuos erros de avaliação e análise. A última coisa que pretendo é julgar; tudo o que quero é descobrir para, enfim, saber.

Se somos, de facto, livres, haverá necessidade de exibir essa mesma liberdade? Há necessidade de dizer a todos quantos se cruzam connosco: “Olhe, sou livre!”? Ou não passará de tentarmos convencer-nos a nós próprios de algo de que, afinal, não estamos tão certos?
Não sou, quero esclarecer, fundamentalista em relação a estas minúsculas e transparentes (na sua muitas vezes excessiva coloração) pecas da moderna moda feminina. Como Oscar Wilde, também eu resisto a tudo, menos às tentações. Quando vejo uma mulher atraente nestas roupas, os meus olhos inevitavelmente a percorrem, com disfarçada (por ser socialmente censurável) cobiça.
Creio que é uma daquelas situações da vida que sabem bem, do ponto de vista da estética, mas não nos fazem bem, do ponto de vista emocional. Proporcionam-nos um prazer vazio. Um orgasmo instantâneo e fugaz. Enchem-nos os olhos e agitam-nos as hormonas. Mas não acarretam sentimentalidade alguma. E é aí, justa e precisamente nesse ponto que questiono a sua valiosidade e legitimidade estética.
Algum homem vê uma mulher na praia, num biquini sensual como uma musa? Com aquela atracção poética e “pura”? Ou vemo-las com desejo? Desejo sexual, para precisar.

Tudo isto faz com que, hoje, não haja mistérios ou tabus em relação ao corpo humano. Qualquer homem tem acesso ao corpo feminino. Basta, para tal, abrir uma revista, um jornal, ou assistir à televisão. Consumimos imagens de corpos como meros anúncios de automóveis.
A modernidade trouxe consigo a amoralidade sexual. Caminhamos para a despudorização do acto sexual.
Sou, confesso com vergonha e resignação, um produto destes tempos modernos. Aproveito as facilidades que me são oferecidas, naturalmente. Observo as pernas extrovertidas que caem de uma mini saia e desejo os belos corpos que se mostram sob um curto biquini. O que lamento é que cada vez haja menos para desejar. Antes, os homens dariam tudo para ver uns joelhos; imagine-se uns seios! Hoje..só os seios (ou melhor, os mamilos) e o sexo são ocultados.
O corpo feminino é cada vez mais conhecido e menos misterioso. Por conseguinte, cada vez é menos desejado. Já diz o ditado popular que “o fruto proibido é o mais apetecido.”
No livro de Júlio Dantas, A Arte de Amar, li, no capítulo “Saias Curtas”, uma extraordinária abordagem a este tema:
“O maior prazer que uma mulher pode dar-nos não é o de vê-la; nem mesmo é o de possuí-la: é o perturbador prazer de adivinhá-la.” Dantas elucida, também, que “Nada há, em amor, que tanto apeteça como aquilo que muito se esconde.” Diz ainda que a saia curta “Não sugere o pensamento amoroso; provoca o comentário grosseiro.”
Temo que suceda o que Arnaldo Jabor profetizou: “o desejo cessará, por excesso de sexualização.”
Não sou hipócrita. Não me tomem como um. Nem sei bem se desejo que as mulheres deixem de usar mini saias e biquinis. Sei que sentiria falta. O meu instinto de conforto e facilidade sentiria falta. Não sei se gostaria; duvido até que o fizesse. Mas sei que tomo a atitude correcta. Nem tudo o que é bom faz bem. Nem todo o prazer é saudável. Não quero caminhar para a indiferença perante o corpo feminino. Este texto é um grito angustiado para que as mulheres (pois só elas o podem fazer) salvem o romance; a pureza da natureza amorosa. Talvez me arrependa destas linhas que escrevo; espero bem que sim, mas uma vez alguém disse que “só no futuro o que fazemos parece coerente.”
NSH

Neuropatia Sensorial Hereditária.

Quantos de vós estão familiarizados com esta terminologia? Neuropatia Sensorial Hereditária é uma doença. Consiste numa alteração genética que nos inibe de sentir dor.
À primeira vista, surge a interrogação: porquê chamá-la de doença então, se a dor é algo do qual todos nos queremos libertar ou, pelo menos, evitar, tanto quanto possível?

Ora, por mais surpreendente que possa parecer, até mesmo a dor desempenha um importante papel, no belo e perfeito conjunto que é o corpo humano.
Disse Sir Isaac Newton que, “na ausência de outras provas, o meu polegar bastaria para me provar a existência de Deus.”
Na realidade, cada vez mais me convenço que o corpo humano é um complexo conjunto perfeitamente equilibrado, com uma funcionalidade perfeitamente adaptada e ajustada para as suas necessidades.

Mas, não nos afastemos da dor.

A ausência de dor...quais os malefícios que dela advêm? Por que motivo considerar a sua falta motivo para uma classificação patológica? Não é esta uma das características dos super-heróis que habitam os nossos imaginários colectivos? Seres fortes, indolores, com tudo o que o Homem tem de bom e sem fraquezas quase nenhumas? Não sentir dor não deveria ser uma vantagem?

Quem é vítima de N.S.H sofre de violentas privações, manifestadas desde a primeira infância. Ainda bebés, a ausência de dores pode resultar em queimaduras ou lesões causadas por uma falta de resposta do organismo a certas agressões externas. A dor funciona como uma campainha para nos avisar de perigos iminentes. Quando essa campainha não funciona, estamos debilitados, frágeis e expostos.
Na altura em que o bebé vítima de N.S.H começa a andar, surge a natural descoberta do mundo que o rodeia. Mas, ele não tem esse inibidor tão protector que é a dor. Pode sofrer quedas; dar pancadas em armários, portas, cair de escadas, ou outras situações de risco que não sente nada. Desse modo, enquanto que uma criança sujeita à dor, aprende com a queda que não deve repetir o comportamento que conduziu esse sofrimento, ainda que momentâneo, evolui e se desenvolve de uma forma sustentada, uma criança desprovida destes alertas não o faz. Pode repetir inúmeras vezes tais comportamentos sem se aperceber dos perigos em que incorre. Apesar de não sentir dor, pode e muitas vezes, provoca, mesmo lesões internas, muitas vezes irremediáveis.

Há, igualmente, casos em que os doentes se auto-mutilam. Através de mordeduras ou pancadas, o doente, geralmente criança ou bebé, brinca com o seu próprio corpo. Muitas vezes fascinado com o aparecimento de sangue ou feridas, ele prossegue numa auto-destruição inconsciente.

Mas há também perigos externos; ameaças mais difíceis de controlar e prever. O sol, por exemplo. O nosso corpo reage ao calor através da transpiração. Um portador de N.S.H não transpira. O calor acumula-se em si de forma perigosa e destrutiva, sem que disso se aperceba. Graves casos de desidratação se verificam.

Este acumular de factores de risco conduzem, muitas vezes à morte.

Ainda sem cura, a N.S.H é apenas tratada através de um acompanhamento psicológico e psiquiátrico. Os médicos procuram essencialmente fazer com que os pacientes aprendam a lidar com a ausência de dor de uma forma mais saudável e natural. Mas os casos de sucesso são, ainda, muito limitados.
A dor desempenha um papel demasiado importante para poder ser facilmente desprezada.

Apesar de não ser uma doença que atinja um número significativo de pessoas, é, sem dúvida, uma patologia interessante, na sua génese. Faz-nos pensar que, afinal, talvez a dor não seja tão má e desprezível quanto pensávamos.
Na fronteira do limbo

A vida é simples. Vivê-la é que fica mais complicado. Descobrir os prazeres simples de cada dia exige muita atenção. É preciso crescer a cada passo e sonhar como quem respira num sono profundo. A fantasia espreita, por detrás dos olhos atentos.
A chave para sorrir está na curiosidade teimosa. Na inocência escondida que nunca se perde. A alegria da vida é o mistério de jamais querer desvendar tudo. É o recuar quando se está quase a ganhar. A ambição comedida.
O prazer de comer o último pacote das nossas bolachas preferidas, com receio de que elas acabem, procurando prolongar o sabor de cada trinca. a vida é simples, como beber um copo de água, quando se tem sede.
Caminhar com os pés descalços... correr na relva fresca, num dia de calor. Mergulhar no mar quando ele chama por nós. Ser livre é aceitarmos a nossa própria natureza. Divertirmo-nos com nós próprios. Rir-se do reflexo num espelho brincalhão. Correr contra a própria sombra, como dois cachorros que brincam às apanhadas. Mordidelas amigáveis; palmadas gostosas... cair de propósito e rolar na areia solta de uma praia abandonada pelos olhares alheios.
Viver sem pressa; acordar quando o corpo inquieto e desperto. Dormir por cansaço. Entregar-se a um abraço sincero. Chorar de alegria num reencontro adiado sem culpa. Dizer aos amigos o quanto gostamos deles. Dar presentes sem data marcada. Elogiar a beleza de quem a exibe. Dar sem esperar receber.
Errar para aprender. Tropeçar para crescer. Crescer para saber viver. Com a sabedoria de um velho; a serenidade de um homem; a força de um jovem; a curiosidade de uma criança e a esperança de um bebé.
Viver é simples...
Cuidar de um irmão doente. Dar um pão ao pobre solitário da esquina. Cumprimentar a pessoa que se senta a nosso lado no teatro. Ajudar um cego a atravessar a estrada. Abordar aquela pessoa que sempre desejámos conhecer. Felicitar aquele pintor que tanto admiramos. Olhar o sol até os olhos não quererem mais. Beber da água da chuva.
Saltar na cama e gritar até a voz fugir. Dançar de olhos fechados. Abrir os braços ao vento. Ver uma flor crescer. Uma borboleta voar. Um peixe a nadar. Uma pedra a respirar ou uma águia a flutuar pelos céus. Lá em cima onde só as nuvens chegam e nos levam quando sonhamos de verdade. Saber que os anjos existem quando acreditamos neles.
Segurar a mão de um filho que dorme em paz. Perdoar quem nos fez mal. Amar...
A vida é simples. Vivê-la é que fica mais complicado...
Fazer cócegas aos nossos pais. Apanhar uma estrela do mar. Escutar o som do mar recolhido numa concha. Relembrar aquele dia especial... ouvir a história de um avô cansado pelo tempo. Surpreender aquela amiga que anda triste. Mandar flores à pessoa amada. Flores arrancadas do jardim. Flores roubadas, como deve sempre ser, quando se ama de verdade.
Escrever um poema em branco. Falar através do silêncio. Olhar para o escuro. Meditar. Escutar o som que sai da rua quando a noite cai. Ver o sol a nascer. Correr pela manhã. Cair de bicicleta. Rirmos de nós mesmos. Ver aquele filme especial. Cantar, desafinar...
Andar devagar. Entrar na loja que sempre passámos. Convidar os vizinhos que não conhecemos para almoçar em nossa casa. Ler aquelas cartas antigas. Telefonar à primeira namorada, só para saber se está bem. Plantar uma árvore. Abrir as páginas de um livro marcante. Só para sentir o cheiro...
Sorrir ao acordar. Dormir profundamente. Pedir perdão quando erramos. Agradecer a quem nos faz bem. Estar tranquilo. Desfrutar da nossa própria companhia, quando estamos sozinhos. Passear... viver...sonhar...pensar...amar...
Viver é simples....basta querer...
A arte é a criação da simplicidade. O artista é o intérprete do prazer. O homem que vive na fronteira do limbo. Caminhando sempre, perdido entre o génio e a loucura; alternando sonho e fantasia com as dores e amores do dia-a-dia. Ser artista é descobrir que não há fronteira para a fantasia. Basta fechar os olhos para mergulhar nesse planeta profundo e perdido chamado eu. Ser artista é viver simplesmente e sonhar com toda a ambição que um homem pode ter. É ser simples e complexo ao mesmo tempo; sê-lo num só olhar. Saber que do pouco se faz muito. Que a eternidade é o tempo virado do avesso. É ser a criança que não cresce e o velho que não morre dentro dum só corpo. Beber tudo com os sentidos... estar aberto ao mundo...viver... viver... viver...
A vida é simples. É só fechar os olhos, sorrir e ousar dar um passo, sabendo que ninguém se perde no caminho quando sabe quem é...