Wednesday, October 3, 2012

Escrever sem ter nada para dizer

A verdade é que abri esta folha movido por um sentimento tão egoísta que só pode fazer sentido. Desejava poder brincar com a inspiração, a ver se me brindava com a sua visita e, guiado pela sua mão, me fizesse criar a escrita mais perfeita… das que imperfeitas se podem realizar. Poderia falar da vida, da metafísica de tudo e do valor de nada. Das alegrias, desamores, sonhos e fantasias. Mas hoje, sem nada para dizer, quero apenas brincar com palavras. Deixar que fluam… que ganhem vida e se auto-conduzam até onde quiserem e puderem! Às vezes, na vida, os prazeres são descobertos nos pequenos nadas. Naqueles momentos em que nos deixamos levar por um pensamento que hiberna confiando cegamente num instinto traiçoeiro a que se pode chamar inspiração. Há ritmos que nos bailam na mente. Olhares que se perdem por dentro. Sentimos vozes olhando os cheiros que nos tocam na alma. Há coisas que fazem mais sentido quando não se entendem. Quando nada têm para ser entendido, aliás. Como o amar e não saber porquê. Ou chorar sem pensar e sorrir sem reflectir. É sentir na verdade. Contentarmo-nos com o que existe. Buscar o melhor da vida nos limites que o impossível vai alargando no horizonte das memórias que não se criaram ainda. Escrever sem ter nada para dizer pode ser bom. Pode ser que acabe fazendo algum sentido aos olhos de quem ler… Carlos Osvaldo

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