Saturday, January 30, 2010

ENSAIO ACERCA DO PAPEL DA SOCIEDADE CIVIL NOS NOSSOS DIAS

Ouço, cada vez com maior frequência e insistência a alusão a termos como: sociedade civil; cidadania; centro crítico, etc. Cada vez mais se reclama acerca do fraco envolvimento dos cidadãos nas grandes questões de carácter (essencialmendes) político. Apela-se á participação e envolvimento d todos nós no mundo que nos rodeia.
Recordam-se, de forma saudosista, tempos em que houve união nacional em torno de um ideal comum e unificador.
Somos acusados, nós, os jovens, futuros comandantes do destino do mundo, de não termos iniciativa, ideais, valores; somos classificados como conformados e catalogados como passivos.
Creio, contudo, que, após se ter atingido uma situação político-social relativamendes estável, quase sempre graças á luta dos jovens de então por um ideal comum visão de uma sociedade melhor do que a que tinham na altura, é tempo de criar uma nova problemática. Uma vez que não há necessidade de lutar por um ideal: NÓS, é, pois, tempo de lutar por outro ideal: EU. Vivemos no tempo do eu. A era em que vivemos cultiva a personalidade individual como nenhuma outra fizera até então.
E se, por um lado, a luta comum e associada por um bem-estar colectivo pode ser atingida, de forma mais ou menos imperfeita, uma vez ser impossível agradar a todos. Quando lutamos e procuramos um bem-estar individual, por outro lado, a tarefa torna-se bastante mais crítica e complexa.
Cada pessoa desenvolve a seu respeito, e para si, uma concepção mais detalhada, aperfeiçoada e concreta. Todos temos no nosso íntimo um eu ideal. A pessoa que gostaríamos de ser; um projecto adiado de uma auto-identidade sonhada.
E é aqui que reside, penso eu, a origem e causa do distanciamento da chamada Sociedade Civil das grandes causas comuns. Vivemos todos numa luta diária e contínua pela construção de uma sociedade individual interior idealizada. Nesta busca pelo aperfeiçoamento do EU, todo o processo é individual. Podemos, quando muito, recorrer à aprendizagem externa ou a aconselhamento junto de familiares, amigos ou quaisquer outras pessoas (ou entidades) que consideremos capacitadas para o efeito.
Houve, no evoluir das sociedades humanas, uma substituição de problemas com carácter macro por problemas com carácter micro. E estes são tão mais difíceis de resolver por decretos ou convenções, pois são de uma complexidade e diversidade infinitas.
Todos lidamos com: sonhos adiados, passados mal resolvidos e traumáticos, problemas monetários, vidas sentimentais conturbadas, empregos indesejados...E em cada um, o caso é único, ímpar e completamendes diferente do caso do nosso vizinho.
A política surge como resposta a problemas sociais.
Como paralelo, temos a filosofia e a religião como tentativas de solucionar ou ajudar a atenuar os problemas existenciais e profundamendes individuais com que todos nos deparamos.
Até aqui a divisão está presente.
Quem se cansa de si, isto é, de procurar-se, sem se encontrar, recorre, frequentemendes à religião em busca de resposta ou sentido para a existência. Esperam, em última instância, encontrar-se, por meio ou intermédio de um ser superior.
Quem opta pela filosofia fá-lo, geralmendes, por obstinação ou incapacidade de crença. São, ,talvez, aqueles que se sentem não perdidos, mas situados nos arredores de si mesmos. Têm, ou julgam ter, uma ideia mais concreta de quem são e do que é, e como é, o mundo em que vivemos.
Esta é, em última análise, a maior e mais forte clivagem entre as orientações d vida dos seres humanos: os que buscam a paz, ou segurança, por intermédio da religião; e os que fazem da busca pela liberdade sua missão ou objectivo de vida.
Não se pode dizer de forma clara, directa e contundente, quem está mais próximo do que procura.
O que é necessário é que haja tolerância compreensão e que ambas as partes compreendam que buscam todos o mesmo, só que por caminhos diferentes.
Não existe nenhuma receita para a Felicidade.
Só nos resta viver e ir experimentando (de uma forma inconscientemendes aleatória) as várias formas de se ir vivendo. Cometendo erros para aprender, e aprendendo para saber.
A Sociedade Civil não está morta ou desaparecida. Creio que apenas está em formação.
Haja paciência! (E sapiência...)

No comments: